Nesta terça-feira (27), a Rússia anunciou o pedido de aprovação do uso emergencial de uma de suas vacinas em teste contra a covid-19 à Organização Mundial de Saúde (OMS). Em setembro, a entidade divulgou critérios para avaliar a liberação do uso de imunizantes que ainda estão sendo testados. As informações são do portal G1.
O pedido refere-se à vacina Sputnik V, que é a primeira candidata registrada no país e no mundo. O fundo estatal que comanda essa produção solicitou o registro acelerado da vacina na Lista de Uso de Emergência (EUL, na sigla em inglês), bem como sua pré-qualificação.
Kirill Dmitriev, diretor do fundo russo, comentou a solicitação e afirmou que “permitirá que a Sputnik V seja incluída na lista de produtos médicos que atendem aos principais padrões de qualidade, segurança e eficácia".
A Sputnik V foi desenvolvida pelo Instituto Gamaleya, em Moscou, e registrada pela Rússia em meados de agosto. Há previsão de que a fase 3 seja produzida e testada no Brasil, resultado de uma parceria firmada com o estado do Paraná.
Recentemente, o país também aprovou sua segunda vacina contra a doença. Chamada de EpiVacCorona, ela foi desenvolvida pelo Instituto Vector, na Sibéria.
Como atuam as vacinas
A Sputnik V baseia-se em uma plataforma de vetor viral, onde o vírus modificado (dois tipos de adenovírus) é utilizado para introduzir parte do material genético do coronavírus no organismo das pessoas e induzir a produção de anticorpos. Essa plataforma também é usada na vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford, que está em testes de fase 3 em diversos países, inclusive no Brasil.
O pedido russo foi criticado por especialistas da área devido ao baixo número de pessoas testadas antes da aprovação. A Sputnik V foi testada em fases 1 e 2 antes de ser registrada, mas nessas etapas os testes são realizados em centenas de voluntários, enquanto na fase 3 milhares de pessoas participam.
Já a EpiVacCorona, baseia-se em peptídeos (pedaços de proteínas do coronavírus) produzidos sinteticamente. A intenção é que, a partir desses fragmentos, o corpo humano reconheça o vírus e construa uma defesa para ser utilizada no caso de contato futuro com o vírus.
De acordo com o governo russo, essa candidata foi testada em cem voluntários, com idades entre 18 e 60 anos, na cidade de Novosibirsk, na Sibéria. Nos testes, 57 pessoas receberam a vacina e o restante placebo. O Instituto Vector afirmou, em comunicado, que os voluntários não apresentaram efeitos colaterais, no entanto, ela também foi registrada sem estudos de fase 3.