A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou no Brasil o estudo clínico controlado e randomizado que testará a molécula M5049 em pacientes com covid-19 comprovada, que estejam hospitalizados e usando equipamentos de fornecimento de oxigênio. A nova substância, desenvolvida pela farmacêutica alemã Merck, será usada no Brasil e nos Estados Unidos em 150 pacientes, com idades entre 18 e 70 anos.
O objetivo do estudo é investigar se a utilização desse novo medicamento pode impedir ou melhorar a resposta inflamatória em pacientes com pneumonia e evitar o agravamento da doença. Além disso, o estudo vai avaliar se esse medicamento pode reduzir as complicações respiratórias graves que geralmente precisam de intervenções, como ventilação mecânica.
Segundo o diretor médico da Merck, Luiz Magno, especialista em terapia intensiva, os primeiros 15 pacientes serão divididos em três grupos. Um receberá placebo, outro, uma dose diária do medicamento, que é um comprimido de 50 miligramas, e o terceiro, duas doses diárias do produto por até 14 dias. Eles serão acompanhados ao longo dos próximos dois meses.
Como funciona
Conforme a Merck, a M5049 é uma molécula potencial de primeira classe que bloqueia a ativação dos receptores TLR7 e TLR8, dois sensores imunológicos inatos que detectam o RNA de cadeias simples de vírus como o coronavírus. A ativação desses receptores leva ao acionamento de células imunes, que, quando não adequadamente controladas, podem levar à evolução para a forma grave da doença.
A molécula M5049 foi descoberta internamente na Merck, que concluiu há pouco a fase um em voluntários saudáveis. A empresa está avaliando a M5049 em outras indicações de imunologia, além de uma potencial intervenção terapêutica contra a covid-19.
Se o tratamento inicial for aprovado, afirma Magno, outros 135 pacientes nos dois países também farão parte do estudo, que está na chamada fase dois e que tem previsão de ser concluído até o final deste ano. Por enquanto, somente a Santa Casa de Belo Horizonte, em Minas Gerais, recebeu autorização para fazer parte da pesquisa. Magno ressalta que está em tramitação a inclusão de outros centros de teste no país.
O diretor médico da Merck pondera que depois da fase dois haverá uma terceira fase de testes ao longo de 2021. Ou seja, ainda é cedo para estabelecer datas ou prever a distribuição do medicamento ao mercado. Primeiro, é necessário comprovar a eficácia dele.