A Trensurb não vê possibilidade de medir a temperatura dos passageiros que entram nas estações e trens entre Porto Alegre e o Vale do Sinos. O tema foi discutido na terça-feira (16) em reunião das associações de municípios da Região Metropolitana de Porto Alegre (Granpal). Conforme o diretor-presidente da empresa, Pedro Bisch Neto, a característica dos terminais, o número reduzido de funcionários e o grande volume de passageiros passando pelas catracas impediriam a verificação para prevenção de coronavírus.
— A exequibilidade não é viável porque elas (as pessoas) chegam instantaneamente, com pressa. Nas roletas, se dá uma pressão muito grande. Como é que eu vou segurar as pessoas que estão entrando? Não pode parar aquilo ali. É um transporte de massa. No trem, são 32 portas. Com esse fluxo, não tem como dar tratamento individualizado para tirar a temperatura de cada pessoa — disse Bisch a GaúchaZH, nesta quinta-feira (18).
Segundo o diretor-presidente da Trensurb, a grande diferença entre a medição de temperatura em espaços fechados e no transporte coletivo (ônibus e trens) é a velocidade para realizar o teste. Além disso, a Trensurb informou que não possui equipamentos nem profissionais para realizar a medição de temperatura próximo às catracas.
Bisch afirmou que o volume diário de passageiros é de aproximadamente 40% da demanda anterior à pandemia e que o número de trens está de acordo com esse fluxo, de modo a não provocar aglomerações. Bisch frisou ainda que na próxima segunda-feira (22) haverá uma reunião entre a Granpal e representantes do transporte público, como a Trensurb e a Metroplan. Uma das sugestões que ele dará é de que os municípios forneçam funcionários e equipamentos nas portas das estações nos horários de pico.
Grande movimento nos horários de pico
Na Estação Farrapos, no final da tarde desta quinta-feira, o movimento estava menor do que outrora. Para quem aguardava na plataforma, o número inferior de passageiros garantia distanciamento na estação. Mesmo assim, quando o trem chegou, alguns vagões levavam passageiros em pé, próximos uns aos outros. Nos horários de pico, nas primeiras horas da manhã e no final de tarde, o volume de usuários aumenta significativamente, o que gera aproximação das pessoas.
A auxiliar de produção Simone Coelho da Fonseca, de 33 anos e moradora de Esteio, disse que pela manhã não encontra o trem lotado, mas, na volta para casa, vê-se obrigada a dividir o trem com um grande número de passageiros.
— Eu pego o trem às 6h20min em Esteio. Nesse horário está normal. Na volta, é pelas 17h36min, aí está mais cheio. Não tem como manter o distanciamento, mas as pessoas estão usando máscara. É máscara e álcool gel direto — disse.
Morador de São Leopoldo, Henrique Schmitt, 34 anos, que trabalha na área de suporte técnico para internet, afirmou que está buscando horários alternativos para evitar aglomerações no trem.
— Não tem o que fazer. Eu estou chegando mais tarde para tentar desviar do fluxo. Mas às vezes pego o trem cheio. Acaba tendo alguns trens cheios. Eu sempre espero um trem ou vagão mais vazio — comentou.