Na guerra contra o coronavírus, o Rio Grande do Sul ganhou 55 novos combatentes. A Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) promoveu nesta terça-feira (9) a formação de mais de meia centena de novos médicos, em cerimônias cuidadosamente adaptadas ao "novo normal" imposto pela pandemia.
De máscaras, formandos, professores, diretores e homenageadas espalhavam-se pelo gabinete da sub-reitoria, acomodados em cadeiras isoladas a dois metros uma do outra. Fitas de isolamento mostravam o caminho do aluno para seguir até a mesa para pegar seu diploma, a uma distancia segura do formando que retornava ao seu lugar.
Para evitar aglomeração, as turmas foram divididas em seis, com colações de grau entre 9h e 16h. Cada rito durava 25 minutos, e nos 20 minutos seguintes uma equipe de limpeza se encarregava de higienizar cadeiras, mesas, botões de elevador, corrimãos e quaisquer pontos de contato. Os familiares aguardavam em uma sala ao lado e igualmente distanciados, para não sobrecarregar o ambiente.
A tradicional foto com os alunos abraçados ao ao paraninfo foi abolida, assim como a imagem da turma reunida erguendo os diploma. Apenas os familiares puderam se reunir com os formandos para o registro oficial, e ainda assim todos de máscara.
— Foi uma cerimônia diferente, com todo o cuidado que o momento requer, mas que não deixou passar em branco a simbologia da formatura da medicina — explica Lúcia Kliemann, diretora da Faculdade de Medicina da UFRGS.
Na saída do gabinete, os formandos recebiam chocolates, espumantes e cartões e eram recebidos por salvas de palmas pelos professores. Eram formas de reduzir a frieza de uma formatura por gabinete aos estudantes que, em média, levam três anos para ingressar na faculdade e passam pelo menos seis anos no curso.
— Muitos já estarão trabalhando nas Unidades Básicas de Saúde e nos Pronto-Atendimentos os próximos dias, exercendo a profissão para salvar vidas em meio à pandemia. Merecem toda nossa homenagem — reforça Lúcia.
A distância do tradicional Salão de Atos da UFRGS, onde costumam ocorrer as formaturas, e também a ausência do usual baile de formatura não tiraram o brilho da cerimônia, garante a recém-formada Franciele Pereira dos Santos, 34 anos.
— A direção se empenhou muito para tornar especial um evento que poderia ser simples. Saímos daqui orgulhosos de nossa trajetória e prontos para fazer nosso trabalho — afirma a futura neurocirurgiã.