O Ministério da Saúde apontou "limitações importantes" nos testes rápidos doados pela Vale que começaram a ser distribuídos aos estados e destacou que, nas análises que apontam negativo para a covid-19, a probabilidade que o resultado reflita a realidade é de apenas 25%.
As informações constam em documento distribuídos a gestores estaduais e municipais, que manifestam preocupações com a baixo índice de acerto dos testes que não detectam o novo coronavírus.
Os testes rápidos, que buscam anticorpos produzidos contra o vírus, são indicados apenas para profissionais que estão na linha de frente do combate à doença, como agentes de saúde e de segurança. A análise é feita após o sétimo dia de apresentação de sintomas.
A preocupação dos gestores nos estados é que o alto volume de falso negativos gera insegurança na hora de definir os profissionais que estão aptos a trabalhar na emergência sanitária e os que precisam cumprir isolamento.
As dificuldades foram reconhecidas pelo ministério, que promete enviar instruções com recomendações para o melhor uso das análises.
"O material adquirido de empresa chinesa para doação ao ministério da Saúde apresentam limitações importantes. A pasta está ajustando as instruções e elaborando uma nota informativa com recomendações e orientando o uso do teste para garantir que o uso do mesmo pelos estados e municípios seja coerente com o que o teste pode oferecer", afirmou a pasta em nota.
O ministério começou a distribuir nesta quarta (1) um primeiro lote de 500 mil testes rápidos, de um total de 5 milhões adquiridos e doados pela mineradora.
O valor preditivo positiv, que expressa a probabilidade de um paciente com o teste positivo de fato ter a doença, é maior, de 86%.
A baixa proporção de acertos nos resultados negativos para o Covid-19 é explicada, segundo a infectologista Carolina Lázari, pela divergência entre a sensibilidade do produto apresentada pelo fabricante chinês e a certificada por uma rede de laboratórios no Brasil.
Enquanto o fabricante apontou sensibilidade de 86%, a análise laboratorial feita pela empresa brasileira indicou desempenho inferior, de 32%.
Nesta quarta, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, afirmou que esse tipo de análise "tem um índice de sensibilidade que dá falso negativo".
— (O resultado) não é uma sentença que (o paciente) é negativo. Já o RT(-PCR, um teste de biologia molecular) tem sensibilidade muito mais alta. Os testes rápidos vamos usar muito para testar sequencial. Ah, mas só dá 30%, 40% de sensibilidade... Ok, se a gente faz em rodada, vamos aumentar a nossa percepção, e usamos isso como boa ferramenta de auscultar a nossa sociedade— declarou o titular da pasta, em coletiva no Palácio do Planalto.
— O teste rápido veio em parceria muito comemorada e conseguimos trazer. Agradeço a Vale que tem doado. Vamos saber usá-los e tirar o máximo de informação que podem nos dar — complementou.
Em nota, o Ministério da Saúde argumentou também que os testes rápidos serão usados como uma ferramenta para o auxílio no diagnóstico da covid-19. "Os resultados negativos não excluem a infecção por SARS CoV 2", ressalta.
A pasta argumenta ainda que análises feitas após o sétimo dia do início dos sintomas podem "melhorar os parâmetros para o resultado".