Em tempos de confinamento devido ao coronavírus, é normal que angústias e tensões afetem a saúde mental das pessoas. Buscando evitar um cenário de adoecimento psicológico generalizado, 800 profissionais de psiquiatria e psicologia se uniram para prestar atendimento gratuito aos gaúchos, de 14 instituições de Porto.
Em entrevista ao programa Gaúcha+, o psiquiatra e presidente da Sociedade Psicanalítica de Porto Alegre, José Carlos Calich, deu mais detalhes sobre o serviço, que pode ser solicitado mediante preenchimento de formulário no site sppa.org.br. No mesmo dia, alguém entra em contato com a pessoa que se inscrever.
— É importante lembrar que não se trata de uma terapia, e sim de um auxilio para que as pessoas consigam passar por angústias ou situações de crise. Eventualmente, o profissional poderá encaminhar a pessoa para um psicoterapeuta ou atendimento emergencial — afirmou, ressaltando que o trabalho começou há 10 dias.
O psiquiatra ressalta que algumas pessoas podem ficar mais angustiadas do que outras. Diante de tantos receios que devem surgir com o prolongamento do isolamento, como desemprego, perda de renda ou incerteza do futuro, o melhor que é a pessoa pode fazer é aprender a tolerar, explica Calich.
— A única coisa que a pessoa de fato pode fazer é aprender a tolerar e a enfrentar da melhor maneira. Tentar antecipar, neste momento, é uma coisa que não adianta. Ninguém sabe antecipar. O que a gente tem visto nos prognósticos, nos cenários imaginados, é tão variado, que é óbvio que a gente vai ter de esperar.
Para lidar com a quarentena, Calich recomenda que as pessoas mantenham vínculos humanos e planejamentos de trabalho e futuro podem auxiliar.
— O quanto mais a pessoa puder manter as suas amizades na internet, conversar sobre assuntos que não sejam terroríficos, que a gente não fique todo o tempo falando em problema econômico, problema do vírus. Que a gente possa ter momentos de relaxamento e vínculo humano, vamos sublinhar essa parte. É fundamental. Sempre foi, né? Neste momento, a tendência é esquecer disso.
Em relação às crianças, é importante que as famílias as protejam do excesso de informação, evitando que a sensação de estar em um cenário de guerra produza, futuramente, adultos problemáticos.