O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, se mostrou mais uma vez cauteloso quanto ao uso de remédios a base de cloroquina no tratamento de covid-19 antes que os estudos em andamento sejam concluídos. Mandetta diz que os resultados dos testes serão avaliadas pelo Conselho Nacional de Medicina e solicitou um posicionamento do órgão até o próximo dia 20.
O ministro explicou os riscos à saúde de pessoas infectadas ou não, afirmou que o presidente Jair Bolsonaro entende a gravidade de uma recomendação nacional precipitada, e mandou um recado na entrevista coletiva desta quarta-feira (8).
— A todos aqueles que estão com os ânimos exaltados, quero deixar claro: aqui está tudo bem. Estamos olhando pelo para-brisa e nessa estrada a gente vê que vamos ter dias muito duros e difíceis. E quem comanda este time aqui é o presidente Jair Messias Bolsonaro — disse o ministro.
O líder da pasta que comanda as ações contra a pandemia no Brasil teve uma reunião com o presidente na manhã desta quarta. Minutos depois de admitir que havia passado pelo que chamou de "dificuldades internas" na semana, Mandetta foi perguntado sobre o conteúdo da conversa do dia, e manteve o discurso de união:
— Reunião de trabalho, boa. Bom clima, toda a equipe está tranquila e trabalhando. Isso foi muito bom e a gente deve ter outras colocando situações a respeito de operações delicadas internacionais. O presidente é muito parceiro e voluntarioso, tem pensamento forte no Brasil. Damos passos rumo a uma unidade muito boa no governo.
E a cloroquina?
Mandetta voltou a pedir calma, foco na ciência e responsabilidade. Médico, o ministro questionou a ideia de adotar a cloroquina como medicamento a ser receitado de forma preventiva. Ele trouxe as estatísticas dos infectados que não apresentam os sintomas a serem supostamente combatidos pelo medicamento.
— A grande maioria (85% dos infectados) vai ficar muito bem, obrigado. Será que seria inteligente dar um remédio para 85% das pessoas que não precisam desse remédio que tem efeitos colaterais? Vale a pena sem saber que é coronavírus? — declarou, complementando depois com o caso dos grupos de risco:
— Esses com mais de 60 ou 70 anos são os que tem maior parte dos problemas cardíacos e hepáticos. Será que se dermos (cloroquina) para esses, o medicamento vai protegê-los ou podem ter arritmia cardíaca e precisar do leito da CTI tendo um infarto no miocárdio?