Uma série de perguntas sobre o coronavírus segue sem respostas em meio ao avanço da doença, que, até esta quarta-feira (29), já havia matado mais de 5,4 mil pessoas no Brasil. Uma das dúvidas ocorre em relação à possibilidade e aos eventuais efeitos da soma dos vírus da gripe e o causador da covid-19 no organismo. Especialistas ouvidos por GaúchaZH afirmam que essa simultaneidade de infecções é possível, mas que os impactos ainda são desconhecidos, podendo variar bastante de um caso para outro.
Chefe do Serviço de Infectologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Eduardo Sprinz afirma que já há relatos no meio médico sobre casos de pessoas infectadas pelos dois vírus, mas que não existem estudos sobre essa situação específica. Em relação aos impactos, Sprinz afirma que ainda não há uma resposta nesse sentido:
— Depende como cada organismo vai responder aos agentes infecciosos. Dada a limitada quantidade, a gente não tem ao certo se isso seria um sinergismo, seria pior para a pessoa, ou não.
Sobre o protocolo que costuma ser seguido em caso de mais de um agente infeccioso, Sprinz o explica que são direcionados tratamentos específicos contra cada um dos vírus.
Breno Riegel Santos, infectologista do Hospital Conceição, também afirma que é possível essa dupla infecção, mas que os os cenários podem ser amplos, mas ainda desconhecidos.
— É uma situação que a gente não conhece ainda. Não é igual coinfecção de AIDS e hepatite b, que a gente sabe que a hepatite piora, porque tem muitos casos dos dois. Agora, covid com influenza seria o primeiro inverno no qual nós vamos ter os dois juntos. Então, não dá nem para saber se vai ter, quantos vão ser e como vai ser — explica.
Santos destaca que a vacinação contra a gripe é um importante instrumento para evitar essa coinfecção e os efeitos dessa soma, que ainda são nebulosos:
— Porque daí tu tem um problema a menos.
Ponderando que a covid-19 é uma doença nova, portanto, as coinfecções com esse vírus precisam ser melhor avaliadas, a professora de Infectologia da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) Danise Senna afirma que essa união pode intensificar sintomas respiratórios.
— Quando há sobreposição de agentes com potencial de desenvolver pneumonia, o quadro pulmonar pode ser agravado — explica.