As Forças Armadas começaram ações de prevenção contra o coronavírus em todos os Estados do Brasil, com foco nas fronteiras. As atividades fazem parte da Operação Covid-19, que conta com a ativação de 10 Comandos Conjuntos, do Norte ao Sul do país, sob a coordenação do Ministério da Defesa.
A estimativa é que mais de 10 mil militares façam parte do esforço para conter a pandemia, confidencia um general ouvido por GaúchaZH, embora não exista um número fechado. O contingente vai variar, conforme a demanda de cada região.
Exército, Marinha e Aeronáutica criaram um Centro de Operações Conjuntas para atuar contra a disseminação do vírus. O principal objetivo é evitar o ingresso no Brasil de pessoas contaminadas e, por isso, cordões sanitários foram montados em áreas fronteiriças.
É o caso de toda a fronteira do Rio Grande do Sul com o Uruguai, a mais vulnerável da Região Sul, por ter várias cidades-gêmeas entre os dois países. Um contingente de 600 militares do Exército, distribuídos em 16 pelotões, desencadeia ações de fiscalização entre Chuí e Quaraí. Não como linha de frente, mas em apoio às polícias Federal e Rodoviária Federal, ressalta o Comandante Militar do Sul, general Antônio Miotto.
— É uma missão a nós atribuída, nas fronteiras e nos aeroportos. Desde o Carnaval estamos em ação — resume o general.
Os militares param carros e conversam com os motoristas, inquirindo sobre quadro de gripe. Os ônibus são bloqueados e os passageiros, triados. Isso, sete dias por semana.
Podem passar: brasileiros fronteiriços e pessoas que moram no Uruguai e trabalham no Brasil (os chamados doble chapa). Turistas estão vetados, mesmo para compras.
Uma reunião de Miotto com o governador Eduardo Leite, na tarde desta terça-feira (24), deve incrementar os objetivos do controle sanitário. É provável que se defina a montagem de hospitais de campanha, como em uma operação de guerra.
Mas a ação militar não incluiu apenas fiscalização. O Exército também dispõe de uma força com treinamento especial em defesa química, biológica, radiológica e nuclear, que poderá ser utilizada em áreas de risco e também na descontaminação humana, de ambientes ou de materiais.
Os militares também estão montando tendas de campanha em apoio à rede pública e privada de atendimento de saúde. Algumas ações:
Rio Grande do Sul
Houve doação de sangue por militares. Foram montadas barracas em apoio aos órgãos de saúde em Bento Gonçalves, Bagé e Porto Alegre. A população de Butiá foi vacinada contra a gripe. Em General Câmara, os militares promoveram uma campanha de conscientização.
O 2º Regimento de Cavalaria Mecanizado instalou barracas em São Borja, em apoio ao Hospital Ivan Goulart, proporcionando segurança sanitária aos agentes de saúde que irão atuar na seção de triagem. Em Uruguaiana, a 2ª Brigada de Cavalaria Mecanizada, por intermédio do Posto Médico da Guarnição, está apoiando o município nas ações de combate à covid-19, operando um dos três postos de triagem da cidade.
Em Bagé os militares forneceram água. Em toda a fronteira com o Uruguai, 600 militares fiscalizam a entrada de veículos no Brasil.
Amapá, Pará e Maranhão
Os militares realizaram ação de conscientização da população. Apoiaram os órgãos de saúde e de segurança pública. Fiscalizaram a travessia de embarcações da Guiana Francesa para o Brasil. Qualificaram novos agentes na Defesa Biológica, Nuclear, Química e Radiológica (DBNQR) e promoveram inspeção naval e controle de terminais portuários.
Mato Grosso e Mato Grosso do Sul
Houve patrulhamento da fronteira e distribuição de materiais gráficos; montagem de hospital de campanha, em Campo Grande, e de postos de lavagem de mãos.
Pernambuco
Foi concluído o desembarque de 336 passageiros do navio de cruzeiro que atracou em Recife, no último sábado (21).
Distrito Federal
Os militares desinfetaram a Rodoviária do Plano Piloto, em Brasília. Viaturas com alto-falantes, do Comando de Operações Especiais, circularam pelo Distrito Federal e por Goiás. Foram feitos os últimos ajustes para a vacinação em drive-thru contra a gripe, na Capital Federal.