Um novo aumento no número de infecções na China e as primeiras mortes confirmadas nos Estados Unidos e na Austrália mostram que o coronavírus continua se espalhando pelo mundo. A epidemia está se aproximando dos 3 mil mortos para mais de 87 mil casos em 64 países – incluindo quase 80 mil casos e 2.870 mortes na China, onde a atividade econômica está em grande parte paralisada desde o final de janeiro em razão das medidas anti-contágio.
Fora da província de Hubei, epicentro da epidemia, uma certa volta à normalidade já é percebida no país, em particular com o reaparecimento de alguns engarrafamentos em Pequim durante o horário de pico.
Mas o país ainda lida com a pneumonia viral que surgiu em dezembro. A comissão nacional (ministério) da Saúde anunciou neste domingo (1) um balanço diário de 573 novos casos de contaminação, o valor mais elevado em uma semana.
O levantamento continua, porém, distante dos números anunciados durante a primeira quinzena de fevereiro, quando o balanço de novos casos excedia mil a cada dia. O número de mortos, no entanto, caiu para 35, contra 47 anunciados no sábado (29).
A epidemia parece estar confinada a Hubei: todas as mortes anunciadas neste domingo, exceto uma, foram registradas na província, assim como todos os novos casos de contaminação, exceto três.
Embora o contágio tenha diminuído na China graças às medidas de quarentena impostas a mais de 50 milhões de pessoas, outros países estão se tornando fontes de disseminação da epidemia de COVID-19, principalmente Coreia do Sul, Itália e Irã.
Trump contra o "pânico"
O contágio faz temer uma crise econômica em escala planetária. As bolsas de valores dos países do Golfo, abertas de domingo a quinta-feira, despencaram na manhã deste domingo, como aconteceu com os demais mercados globais na semana passada, que registraram sua pior queda desde a crise financeira de 2008.
Os Estados Unidos anunciaram no sábado a primeira morte em seu território, assim como a Austrália neste domingo, que relatou o falecimento de um ex-passageiro do cruzeiro Diamond Princess, que permaneceu em quarentena no Japão.
O presidente americano Donald Trump pediu à imprensa que "não incentive o pânico".
Além dessa primeira morte, 21 casos foram registrados nos Estados Unidos, aos quais se somam 47 pacientes repatriados para o país. Vários pacientes diagnosticados nos últimos dias não tinham ligação conhecida com um surto, sugerindo que a doença está se espalhando em solo americano.
Na Europa, a França, o segundo foco epidêmico no continente, cancelou todos os "eventos reunindo mais de 5 mil pessoas" em ambiente fechado, como o último dia do Salão de Agricultura em Paris.
A decisão também se aplica a certos eventos ao ar livre, como a meia-maratona de Paris. Também foram tomadas medidas de precaução nas mesquitas. Um total de 100 pessoas foram infectadas com o novo coronavírus no país, duas das quais morreram.
A vizinha Itália, que ultrapassou mil casos de contaminação, incluindo 29 mortos, também adotou medidas drásticas, como o fechamento das escolas em três regiões, o cancelamento de eventos esportivos e culturais, incluindo o adiamento de cinco partidas do campeonato de futebol (Série A), e quarentena por uma semana em 11 municípios do Norte, o pulmão econômico do país.
Mapa do coronavírus
Acompanhe a evolução dos casos por meio da ferramenta criada pela Universidade Johns Hopkins:
Balanço contestado no Irã
A Organização Mundial da Saúde (OMS) elevou o nível de ameaça para "muito alto" e instou todos os países ainda poupados a se prepararem para a chegada da doença.
A Armênia é o último país a relatar um caso de contaminação em seu território.
A Coreia do Sul, o segundo país mais afetado depois da China, registrou neste domingo 586 casos adicionais, totalizando 3.736 contaminações, incluindo 18 fatais.
O número de novas infecções diminuiu em comparação a sábado, quando foi anunciado o número recorde de 813 casos.
Mas, um sinal preocupante, o país registrou um primeiro caso de recontaminação: uma mulher de 73 anos deu positivo para o vírus depois de ter se curado de um primeira infecção.
O Irã, por sua vez, anunciou neste domingo a morte de mais 11 pessoas infectadas pelo coronavírus, elevando o número de vítimas fatais no país a 54. Além disso, foram reportados 385 novos casos, totalizando 978 contaminados.
O serviço farsi da rede BBC, citando fontes hospitalares, disse que pelo menos 210 pessoas morreram no Irã, número negado pelas autoridades.
Na China, um paciente de 59 anos foi submetido no sábado a um transplante de pulmão em um hospital da província de Jiangsu, no leste do país, anunciou a agência Xinhua.
Os cirurgiões intervieram equipados com roupas de proteção completas e em uma sala cirúrgica sob pressão negativa, a fim de impedir a saída de ar potencialmente contaminado, informou a agência de imprensa oficial.