A confirmação do primeiro caso de doença pelo novo coronavírus no Brasil não alterou recomendações de viagens. A indicação do Ministério da Saúde é manter prevenções básicas de higiene (como lavar as mãos com frequência) e, em caso de sintomas de gripe após viagem, procurar uma unidade de saúde.
O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, disse que as pessoas devem ter bom senso na hora de avaliar a necessidade de viajar para países com muitos casos do coronavírus e lembrou que não há possibilidade de fechar fronteiras em um mundo globalizado.
— Mais uma razão para fazer turismo interno no Brasil — disse.
Se a viagem for necessária, a recomendação é tomar as precauções de higiene.
— A regra continua sendo a mesma; se você tem sintomas como febre, é melhor não viajar — declarou. —Se está vindo de áreas como a Europa e a China e tiver tosse, coriza, febre, procure uma unidade de saúde — acrescentou.
No início de fevereiro, o governo Jair Bolsonaro já havia declarado estado de emergência em saúde pública para prevenir a chegada do novo coronavírus chinês. Esse status não foi alterado.
Essa portaria permite à Secretaria de Vigilância em Saúde solicitar ao Ministério da Saúde a contratação temporária de profissionais de saúde, a aquisição de bens (como equipamentos) e a contratação de serviços.
O Ministério da Saúde trabalha na fase chamada de contenção, com a identificação de casos. Dos 20 casos suspeitos, 11 são em São Paulo. O diagnóstico demora em média dois dias. O país já descartou 59 casos suspeitos.
Todos os estados elaboraram planos de contingência e os enviaram ao Ministério da Saúde.
Como ações de suporte, o ministério informou que comprou equipamentos de proteção individual, como máscaras e aparelhos de suporte ventilatório. Também há um contrato para aluguel emergencial, se houver necessidade, de mil leitos de CTI (Centro de Tratamento Intensivo).
Não há um medicamento específico para tratar ou prevenir a doença. Segundo Mandetta, o governo tem conversado com o Instituto Butantan, de São Paulo, para tentar adiantar a distribuição das vacinas contra a gripe.
A previsão é distribuir as vacinas na segunda quinzena de março. Essas vacinas estão sendo elaboradas com base em novos vírus de gripe que devem circular no inverno brasileiro e, embora não protejam contra o vírus Sars-CoV2, podem evitar coincidências de infecções.
O Ministério da Saúde reforça a importância de medidas de prevenção, como lavar as mãos, com água e sabão ou com álcool em gel e não compartilhar utensílios como toalhas e talheres.
Esclareça suas dúvidas sobre o coronavírus
O que é?
O coronavírus é uma família de vírus que causa síndromes respiratórias, como resfriado e pneumonia. Versões mais graves do coronavírus causam doenças piores, como a temida Síndrome Respiratória Aguda Grave (Sars, sigla em inglês), responsável pela morte de mais de 600 pessoas na China e em Hong Kong entre 2002 e 2003. A versão de vírus que circula agora é uma espécie nova, desconhecida da comunidade médica, e o medo é de uma pandemia global.
Quais os sintomas?
Dentre os possíveis sintomas estão febre, dor, dificuldade para respirar, tosse, diarreia e pneumonia.
Onde surgiu?
Na cidade de Wuhan, na província de Hubei, na China. A metrópole de 11 milhões de habitantes está isolada. Trens e voos foram interrompidos e detectores de febre foram instalados nas estações de embarque e no aeroporto. Nas estradas, a temperatura corporal é medida pelos postos de controle e, para sair da cidade, o transporte não pode ser feito de carro. Para evitar qualquer concentração de pessoas, as autoridades anularam as comemorações do Ano-Novo Lunar chinês na cidade. As autoridades também proibiram qualquer espetáculo e fecharam um museu.
Como surgiu?
O Centro para Vigilância e Prevenção de Doenças (CDC), equivalente dos Estados Unidos à Anvisa, identifica um grande mercado atacadista de peixes e frutos do mar na cidade de Wuhan como a origem das infecções.
Como ele é transmitido?
De animal para pessoa e de pessoa para pessoa. Segundo o governo chinês, o vírus pode se modificar e ser transmitido mais facilmente. Conforme o CDC, pessoas mais velhas parecem ter maior risco.
Como é o tratamento?
Não há tratamento contra o coronavírus em si, apenas contra os sintomas. Pacientes tomam remédio para baixar a febre e podem receber máscara de oxigênio para respirar melhor, por exemplo.
Quais os cuidados?
Lavar as mãos (sobretudo quem passar por aeroportos), evitar contato dos dedos com mucosas do nariz, olhos e boca. É recomendável usar álcool em gel.
A vacina contra a gripe protege?
Não. Segundo Alexandre Zavascki, chefe da Infectologia do Hospital Moinhos de Vento e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o vírus da gripe não é o coronavírus, e sim o influenza. Portanto, a vacina regular tomada antes do inverno não protege.
Por que o nome coronavírus?
Visto de um microscópio, o coronavírus parece uma coroa ou auréola. Em inglês, coroa é "crown".