Em falta na rede pública de todo o país há alguns meses, doses da vacina pentavalente serão distribuídas além do quantitativo normal a partir deste mês. No entanto, de acordo com o secretário-executivo do Ministério da Saúde, João Gabbardo dos Reis – que concedeu entrevista ao programa Atualidade, da Rádio Gaúcha, nesta quinta-feira (9) –, a regularização total só deve ocorrer na metade do ano, considerando as crianças que não foram vacinadas no período correto.
Gabbardo explicou que a imunização, adquirida por intermédio da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), estava em falta porque a última remessa comprada apresentou problemas, sendo reprovada no teste de qualidade feito pelo Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS). Sendo assim, os lotes não poderiam mais ser utilizados e o Ministério da Saúde teria de procurar um novo fornecedor:
— Adquirir uma vacina dessas de uma forma rápida é muito difícil, porque os laboratórios não produzem a vacina para vender, eles produzem quando já está vendida. O novo fornecedor teria que começar a fabricar essa vacina a partir da aquisição do Ministério, e isso demorou um certo tempo.
O secretário também esclareceu que o processo para distribuir a vacina é lento, já que, quando chega ao Brasil ela precisa ser analisada pelo INCQS, e só pode ser disponibilizada depois de aprovada. Segundo ele, foi isso que fez com que faltassem doses nos municípios de junho a dezembro, período em que não conseguiram manter a distribuição de forma regular:
— A gente recebia e mandava, só que vinha uma quantidade pequena (de doses). Em alguns lugares, a gente conseguiu manter o estoque e, em outros, não. Não tínhamos o quantitativo necessário para todo o país, então nós distribuímos o que tínhamos, mas sempre abaixo da necessidade.
Mensalmente, o Brasil utiliza em torno de 800 mil doses da vacina, que é destinada a bebês e protege contra difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e hemófilo B. De acordo com Gabbardo, na terça-feira (7), o Ministério começou a distribuir cerca de 2 milhões de doses. Para colocar o repasse em dia, a quantidade enviada será maior do que o normal, prevendo a reposição de crianças que atrasaram a vacina.
— Isso vai acontecer de uma forma mais lenta, nós achamos que a regularização mesmo deve demorar até metade do ano de 2020 — relatou.
O secretário ressaltou ainda que tem noção da dificuldade que a falta da vacina ocasiona, e que todos sofrem nesse processo, considerando que isso pode desmoralizar o Ministério da Saúde.
Em relação ao Rio Grande do Sul, que consome aproximadamente 37 mil vacinas por mês, Gabbardo informou que foram enviadas cerca de 80 mil doses — fora as entregas que estão prontas, aguardando o laudo no INCQS para serem distribuídas. Segundo ele, a remessa do Estado deve ser entregue ainda nesta quinta-feira, ao meio-dia, na Secretaria Municipal de Saúde.
— O Rio Grande do Sul recebe hoje em torno de 40 mil doses e já nos próximos três ou quatro dias receberá mais 40 mil doses — afirmou o secretário, salientando que a quantidade é maior do que seria utilizado em dois meses, mas devido ao período de falta, serão enviadas novas vacinas antes que esse quantitativo acabe — É possível que Porto Alegre já possa hoje a tarde se abastecer e que amanhã a vacina já esteja disponível. Aos municípios do interior, dependendo da distância, pode demorar um pouco mais — completou.
Questionado sobre o prejuízo para o ministério, Gabbardo explicou que todo o quantitativo que não foi aprovado será trocado pelo fabricante, que substituirá os 4 milhões de doses não utilizadas por 10 milhões, sem custo. Além disso, frisou que a segurança e a eficácia das vacinas retiradas não foram comprometidas, não havendo necessidade de revacinação.
Ouça a entrevista completa ao programa Atualidade da Rádio Gaúcha: