O gaúcho que está com suspeita de infecção pelo coronavírus deve ir para isolamento domiciliar nesta quarta-feira (29). Desde esta terça (28), ele está internado na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Scharlau, em São Leopoldo, no Vale do Sinos. O paciente é um professor de 40 anos, que apresentou febre de 38ºC e tosse e, por residir e trabalhar na China, é mantido em uma sala isolada dos demais internos da instituição. Como tem seu quadro de saúde estável, poderá manter os cuidados em casa, de acordo com o secretário de Saúde de São Leopoldo, Ricardo Charão.
— Ele foi reavaliado nessa manhã e novo material foi coletado para exames. Não havendo piora até o fim do dia, seguiremos o protocolo, que é orientar e encaminhar para isolamento residencial — explicou o secretário.
Em casa, não haverá acompanhamento de profissionais de saúde. O secretário Nacional de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Wanderson Oliveira, reafirmou, em entrevista ao programa Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha, que a liberação para os cuidados domiciliares ocorrerá se a equipe médica assim decidir:
— Se está bem, sem tosse e não precisar de cuidado clínico, não é nível de segurança de filme, tipo em um quarto bolha. Se for pra casa, é a partir da análise clínica dos médicos, que trabalham no leito.
O homem - que tem seu nome preservado -, vive em Kunming, cidade localizada a cerca de 1,5 mil quilômetros de Wuhan, onde surgiram os primeiros casos do vírus no país oriental. O seu filho, de 15 anos, é morador do Vale do Sinos e também é mantido na UPA, em outra sala, separado do pai. Ele teve febre, porém nenhum outro sintoma de contaminação, conforme o secretário da Saúde do município:
— Uma nova reunião deve decidir por mandá-lo pra casa também nesta quarta, porque ele não teve nenhum outro sintoma além da febre.
De acordo com o diretor da UPA, Glademir da Silva Amaral, a unidade de saúde foi previamente avisada sobre o encaminhamento do suspeito de contágio, que chegou ao Brasil na última sexta-feira (24).
— A ex-mulher dele (mãe do filho) ligou pra uma assistente social preocupada. Ela nos acionou e nos paramentamos, distribuindo também máscaras aos demais pacientes. Preferimos pecar pelo excesso, porque o vírus assusta todo mundo — explicou.
A sala de isolamento está localizada no final de um corredor, distante dos locais de atendimento dos demais pacientes. Conforme a Secretaria Municipal da Saúde, o contato com o professor ocorre exclusivamente por uma equipe médica paramentada para atender o caso. Como precaução, eles usam máscaras, aventais descartáveis, tocas e luvas cirúrgicas, material também presente no paciente.
— O contágio se dá através de gotículas de saliva. Não é tão simples a contaminação. Temos que levar em conta que o epicentro da doença é uma cidade com 11 milhões de pessoas, em contato permanente na rua e no transporte coletivo, o que favorece a transmissão —complementa Charão.
Por um pedido das atendentes da UPA, a funcionária pública Cenira da Luz, 54 anos, usava máscara na manhã desta quarta-feira. Ela foi a UPA acompanhar o marido, de 48 anos, que sofreu uma crise respiratória.
— Eu uso álcool gel e coloco a máscara como cuidado — relatou.
Os demais pacientes de recepção da UPA não usavam proteção.