Em Sapucaia do Sul, no bairro Primor, crianças são incentivadas a cuidar da saúde desde os primeiros anos de vida. Na Unidade de Saúde da Família local, foi montado um pinheirinho de Natal que tem como enfeites bicos deixados por crianças, que, na troca do objeto – que pode causar deformações na estrutura óssea da face – recebem brinquedos para deixar o "vício" para trás.
É o segundo ano consecutivo que a ação é realizada. Neste Natal, a árvore com propósito educativo foi montada há cerca de 10 dias. A adesão ainda é baixa, mas o pinheiro seguirá montado pelo menos até o final do ano. Em 2018, no entanto, as crianças não só depositaram seus bicos, como de fato superaram este hábito, como conta a cirurgiã dentista Tanussa Teixiera, uma das responsáveis pela ideia.
— Como nós fazemos visitas nas casas e acompanhamos de perto as pessoas que nós atendemos aqui na região, a gente viu que a maioria das crianças não está mais chupando o bico. Elas largaram definitivamente — explica.
Os brinquedos, de acordo com Tanussa, precisam ser minimamente novos e atrativos para que as crianças se sintam dispostas a pendurar as chupetas. Eles são recolhidos pelo conselho de saúde local, que se reúne eventualmente para discutir as questões gerais de saúde da comunidade. Neste ano, também foi realizada uma vaquinha entre as profissionais da unidade para levar dar continuidade ao projeto.
Uso do bico
Não há consenso no meio médico, mas, conforme Tanussa, o ideal é que as crianças nunca usem bico. No entanto, quando o hábito é criado, é importante que ele seja abandonado o quanto antes, porque pode causar deformações na estrutura óssea da face das crianças e outros problemas em decorrência dessa modelagem antinatural.
— A mordida fica aberta, o que provoca uma deglutição (ato de engolir) atípica. Em casos mais graves, pode causar uma separação entre os dentes grande o suficiente para a criança não conseguir fechar a boca, o que vai fazer ela respirar pelo canal oral — alerta a profissional.
Há dois tipos principais de chupeta: a mais tradicional, com formado arredondado, e a chamada ortodôntica, que tem uma forma mais achada. Esta última, segundo Tanussa, pode ser usada até o terceiro ano de idade da criança, com menos risco ao desenvolvimento ósseo.
*Produção de Állisson Santiago