Embora tenha estabilizado a situação da fome nos últimos anos, o Brasil segue com dados preocupantes neste indicador. A análise é do responsável-técnico pelo Escritório da Região Sul da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), Valter Bianchini. Em entrevista ao programa Gaúcha+, da Rádio Gaúcha, Bianchini comentou a declaração do ministro da Cidadania, Osmar Terra, de que o Brasil está no mesmo nível de Suécia, do Japão e da Noruega no tema, com menos de 2,5% da população desnutrida.
— Há pelo menos 5 milhões de pessoas no Brasil, ou 2,5% da população, em miséria extrema, com subnutrição ou fome. A situação não é tão dramática como na África ou na Ásia, mas ainda assim merece preocupação — ponderou Bianchini.
Ele afirmou que após anos reduzindo o número de pessoas que passam fome desde o início do século, graças às políticas de distribuição de renda, o país estabilizou os números nos últimos cinco anos e viu aumentar a quantidade de pessoas na miséria. Bianchini disse que a situação é mais crítica em regiões que sofrem com a seca e baixo desenvolvimento humano.
Ouça a entrevista:
— Graças às políticas de transferência de renda, o Brasil conseguiu sair do mapa da fome, que contempla países com mais de 5% da população nesta situação. No entanto, nos últimos anos, com a crise econômica e o desemprego, temos visto um aumento no número de pessoas em situação de miséria no país —afirmou.
Para enfrentar a situação, defende Bianchini, o Brasil precisa se valer de seu papel de grande produtor de alimentos e promover distribuição de renda para que as pessoas mais pobres possam comprá-los. Em toda América Latina e no Caribe, a FAO contabiliza mais de 40 milhões de pessoas em situação de fome.