A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) divulgou, em 4 de dezembro, um alerta sobre os riscos sobre o uso frequente do medicamento hidroclorotiazida, utilizando no tratamento da hipertensão arterial e controle de edemas. De acordo com o comunicado, o uso constante do remédio aumenta a frequência do câncer de pele não melanoma.
No entanto, logo após a divulgação do alerta, a Sociedade de Cardiologia do Rio Grande do Sul (Socergs) se posicionou sobre as afirmações feitas pela Anvisa. Em comunicado, a Socergs afirma que o alerta feito pela agência sobre o aumento de risco de câncer de pele decorrente do uso do medicamento hidroclorotiazida não pode ser generalizado, e que os estudos de base foram feitos em uma parcela de pacientes que não representa a realidade.
Segundo Daniel Souto Silveira, presidente da Socergs, o alerta divulgado pela Anvisa se baseia em um registro para levantar a hipótese de que o uso da hidroclorotiazida é responsável pelo câncer de pele não melanoma, e não em um estudo clínico.
— Há estudos que avaliaram mais de 40 mil pacientes e não encontraram relação entre o medicamento e o câncer de pele não melanoma. Esse tipo de câncer tem relação com a exposição direta ao sol, independente do uso do remédio ou não — diz Silveira.
Para Silveira, divulgações de informações como essa são de extrema irresponsabilidade, considerando o fato de que muitos não têm acesso fácil a um médico e que, ao deparar com este tipo de declaração, podem descontinuar o uso do medicamento sem antes consultar um especialista.
— Isso faz com que as pessoas deixem de tratar a hipertensão, que é muito comum, por medo de ter câncer de pele não melanoma, que é de fácil tratamento — explica.
O motivo da relação entre o medicamento usado para o controle da hipertensão e câncer de pele se dá pelo fato de que, assim como em casos de outros medicamentos, acredita-se que ele torna a pele mais sensível ao sol, o que não significa que seja o responsável direto pelo câncer.
— As pessoas precisam estar cientes de que o que causa o problema de pele é a exposição direta ao sol, e não a hidroclorotiazida. Sendo assim, para evitar este tipo de câncer, é preciso tomar os cuidados necessários em relação a exposição solar, e não suspender o remédio — indica Silveira.
Confira o alerta emitido pela Sociedade de Cardiologia do Rio Grande do Sul:
"A Sociedade de Cardiologia do RS esclarece que o alerta divulgado pela Anvisa sobre o aumento de risco de câncer de pele decorrente do uso do medicamento hidrocloratiazida não pode ser generalizado.
Os estudos foram feitos em uma parcela de pacientes que não representam a realidade. O uso deste medicamento para hipertensão arterial não deve ser interrompido sem consultar um médico cardiologista. O principal benefício é o controle da pressão arterial.
De acordo com o presidente da SOCERGS, Daniel Souto Silveira, foram achados casuais. “É decorrente de um estudo que não foi realizado para definir a relação causal entre o remédio e a doença e mais estudos devem ser feitos para esclarecer essa situação”, esclarece. O alerta foi divulgado no site da Anvisa."