Na tentativa de dar maior agilidade na identificação de novos casos de toxoplasmose, o Hospital Universitário de Santa Maria (Husm) aguarda a autorização do governo do Estado para realizar os chamados exames de contraprova, que hoje são feitos apenas pelo Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen-RS), em Porto Alegre.
O objetivo é que o Husm também possa fazer esse segundo exame. O credenciamento passou a ser cogitado por médicos infectologistas das redes pública e privada de Santa Maria, durante coletiva à imprensa na noite de terça-feira (24). A intenção é dar a real dimensão do surto e, a partir disso, agilizar os atendimentos.
O Laboratório Central do Estado confirmou, na terça, que os casos aumentaram: já são 51 pessoas com toxoplasmose que moram em 18 bairros de Santa Maria. Desses 51, oito são gestantes.
No entanto, os médicos infectologistas informaram que já têm 148 casos de pacientes com resultados positivos para toxoplasmose. Além disso, disseram que há outras 51 gestantes que apresentaram sintomas compatíveis e que ainda aguardam resultados de exames.
— O grupo que mais nos preocupa, sem dúvida alguma, é o das gestantes. Desde 1º de janeiro, entre Husm e rede privada, temos 51 gestantes que estiveram ou estão em processo de investigação. Esses dados refletem um surto de toxoplasmose gestacional em Santa Maria. É uma epidemia _ avalia o infectologista Fábio Lopes Pedro.
Os números dos médicos e do Lacen são diferentes, porque muitos exames são feitos por clínicas e hospitais particulares e precisam passar pela chamada contraprova, que hoje só é feita pelo laboratório do Estado.
— Os nossos dados não representam a magnitude real dos verdadeiros dados de pacientes de Santa Maria. O que temos, aqui, é um banco de dados próprios. Até porque não temos contabilizados os pacientes atendidos em emergências do município. Não é uma planilha completa. Mas dá uma dimensão da gravidade dos fatos _ reitera Fábio Lopes.
Em nota, a Secretaria Estadual da Saúde afirmou que as análises feitas pelo Lacen seguem o que é recomendado pela "literatura epidemiológica" e que a inclusão do Husm depende de o hospital seguir os mesmos critérios.
O que diz a Secretaria Estadual de Saúde
"Para a confirmação oficial dos casos, a referência para a análise é o Laboratório Central do Estado (Lacen-RS). O local tem expertise nesse tipo de exame, onde as amostras passam por dois tipos de diagnósticos de anticorpos e, somente com a positividade de ambos, se considera o caso como confirmado. Isso segue o que é recomendado na literatura epidemiológica e dá maior certeza quanto aos números. Em paralelo, a SES trabalha em formas de qualificar e agilizar o processo de notificação, tratando do tema com o Hospital Universitário de Santa Maria, que hoje opera com a identificação de um único anticorpo. Isso impossibilita, neste momento, a conjugação das duas frentes de trabalho. Por critérios epidemiológicos, só é possível agregar um novo serviço laboratorial como fonte oficial quando ele segue o mesmo processo de análises clínicas do Lacen. "