Um dia após a confirmação oficial do surto de toxoplasmose de Santa Maria, técnicos da Corsan de Porto Alegre chegaram ao município nesta sexta-feira (20). GaúchaZH conversou com os engenheiros químicos Eduardo Barbosa Carvalho, diretor de Operações da companhia, e Ivan Lautert Oliveira, superintendente de Tratamento de Água e Esgoto. Os dois confirmaram que a companhia está em tratativas avançadas com o laboratório da Universidade Estadual de Londrina (UEL), no Paraná, e que tem expertise na área, para realizar a análise de amostras de água.
No entendimento dos engenheiros químicos, essa seria uma forma de assegurar "de uma vez por todas" que a água não é o fator que desencadeou o surto da doença na cidade.
A busca por uma ajuda externa se dá porque, entre os mais de 200 itens que são analisados pela Corsan – como previsto em legislação do Ministério da Saúde –, não há nenhuma especificação referente ao item toxoplasmose, disseram os engenheiros químicos a GaúchaZH.
— Não há nenhuma especificação referente a isso (detecção do toxoplasma gondii) nas análises de água. Mas asseguro e reforço aos santa-marienses que nossas estações de tratamento são uma barreira entre a água, que é captada nas barragens, até que ela chegue às torneiras da população. Há vários processos e procedimentos e etapas que garantem a retenção de qualquer tipo de poluição, de organismos biológicos ou componentes químicos — assevera Carvalho.
Porém, em caso de haver a constatação que a água seja o meio propagador da toxoplasmose, o que não é o entendimento de Carvalho, ele explica que serão buscadas respostas do que possa ter falhado:
— O que nós vamos buscar é essa certificação de que a água não é o causador. Por isso, estamos atrás dessa ajuda externa. Mas digamos que isso venha a se confirmar, vamos, então, tentar saber o que aconteceu e quais procedimentos, porventura, falharam.
Carvalho explica que o sistema de abastecimento de água conta com 15 filtros que são monitorados de hora em hora. Ele enfatiza ainda que há utilização do cloro desde a Estação de Tratamento de Água (ETA) até a casa do cliente.
Os trabalhos
Uma vez firmada a parceria – já que, no momento, há tratativas em andamento –, os trabalhos devem se iniciar o mais breve possível. Ivan Lautert explica que as atividades deverão “durar meses” devido à complexidade:
— Não se trata de uma análise simples a ser feita. Até porque será preciso detectar se, de fato, esse toxoplasma estaria na água. É um trabalho que, certamente, levará alguns meses.
O trabalho de campo, conforme Lautert, implica em várias frentes de atuação. Ele cita que será realizado desde o sequenciamento do DNA do protozoário à análise da água (bruta e tratada), ida de profissionais até a casa dos consumidores e, possivelmente, de quem tenha contraído toxoplasmose. Também deverão ser feitas as análises dos 15 filtros da própria companhia, do lodo da Estação de Tratamento de Água (ETA) e de amostras da rede.
— Tudo isso, te digo, será feito para descargo de consciência, até porque a água entregue na casa dos santa-marienses é segura — destaca Lautert.