Um espaço repleto de cavidades entre os tecidos do nosso corpo foi classificado por cientistas como um novo, e possivelmente o maior, órgão do corpo humano. Estudo recém-publicado na revista Scientific Reports identificou a estrutura como interstício (entre os tecidos) após uma série de pesquisas que iniciaram em 2015, a partir da utilização de uma nova tecnologia. As informações são da CNN.
De acordo com o professor de patologia da Escola de Medicina da Universidade de Nova York (NYU), nos Estados Unidos, Neil Theise, a descoberta entrega novas informações sobre a anatomia humana, complementando o que já se sabia sobre tecidos e fluidos intersticiais.
— A estrutura é a mesma onde quer que se olhe, assim como as funções que estamos começando a elucidar — afirma o especialista.
Theise estima que o interstício abarque o equivalente a 20% do volume do corpo. Localizados debaixo da pele, esses tecidos são uma estrutura que se estende por todo o organismo, recobrindo e rodeando órgãos, veias e artérias.
Como não havia sido descoberto ainda?
Os cientistas puderam identificar a estrutura a partir da utilização de uma tecnologia avançada, chamada Confocal Laser Endomicroscopy (pCLE), empregada a primeira vez para examinar o conduto biliar de um paciente com câncer durante uma operação em 2015.
Após diversos testes, os especialistas perceberam que o processo convencional de fixação de amostras de tecidos acabava drenando o fluído presente na estrutura. Ao mudar a técnica de realização da biópsia, a equipe foi capaz de manter a sua anatomia e constatar que ela é totalmente expandida e repleta de fluidos.
Outros 12 testes similares foram realizados posteriormente e comprovaram a existência da estrutura.
Metástase do câncer
Apesar dos achados, novos estudos são necessários para ser possível entender melhor a real função do interstício e saber, por exemplo, como impacta em outras partes do corpo. Cogita-se, no entanto, que seu espaço, ao ser atingido pelo câncer, possa facilitar a expansão da doença pelo organismo, no processo chamado de metástase.
— O interstício pode mudar a forma como médicos pensam não apenas sobre o câncer, mas também, potencialmente, sobre outras doenças e algumas funções do corpo — diz Theise.