Dados do Ministério da Saúde apresentados na terça-feira (28) mostram que 20,9% dos 268 municípios do Rio Grande do Sul (de um total de 497) que participaram do Levantamento Rápido de Índices de Infestação pelo Aedes aegypti (LIRAa) estão em situação de risco ou de alerta para surtos de dengue, zika e chikungunya — doenças causadas pelo Aedes.
Conforme a diretora do Centro Estadual de Vigilância em Saúde, Marilina Bercini, o Estado planeja se reunir com municípios para debater a questão.
— O nosso trabalho é contínuo. As ações não param, e são feitas por municípios e Estado. Agora, trata-se de prevenção. Estamos trabalhando com as cidades para darmos atenção ao recolhimento de lixo, à limpeza das casas, a mutirões de limpeza e à conscientização. Teremos uma reunião com 19 coordenadorias regionais de saúde e essa será uma das pautas — explica ela. — O melhor seria não ter nenhum município em alerta ou risco, mas esse é um número esperado. E não é alto se comparado a outros Estados.
As classificações são feitas pelas categorias satisfatório, alerta e risco. As áreas de alerta para as doenças são aquelas em que o índice de infestação do mosquito varia entre 1% e 3,9% dos domicílios visitados. Já as de risco são as que apresentam ao menos 4% de índice de infestação. No Estado, 35 municípios — entre os que participaram do levantamento — estão em alerta (13,1%) e 21 estão em risco (7,8%). Isso significa que esses grupos apresentaram altos índices de criadouros do mosquito. No Brasil, a pesquisa indica que 1.496 cidades ainda estão em situação de alerta ou de risco, o que representa 38% das cidades que fizeram a avaliação.
Neste ano, estão em alerta, entre as capitais, Maceió, Manaus, Salvador, Vitória, Recife, Natal, Porto Velho, Aracaju e São Luís. Entretanto, os números ainda podem aumentar, já que há cidades que não repassaram dados. Porto Alegre é uma delas, assim como Belém, Boa Vista, Florianópolis, Campo Grande, Cuiabá, Brasília e Rio Branco, além do Estado de São Paulo.
O LIRAa foi criado para orientar as ações de controle das doenças transmitidas pelo Aedes aegypti. Com a resolução que tornou a pesquisa obrigatória para todos, o número de municípios que realizaram o levantamento neste ano, em relação a 2016, subiu de 2.282 cidades para 3.946. Um aumento de 73%.
O ministro da Saúde, Ricardo Barros, afirmou que locais em situação de risco deverão receber uma atenção prioritária, mas a redução de casos não depende apenas de ações governamentais. O armazenamento de água em barris, por exemplo, foi o principal tipo de criadouro achado no Nordeste e no Centro-Oeste. No Norte e no Sul, o maior número foi no lixo. No Sudeste, predominam depósitos móveis, como vasos e frascos com água.
Balanço
Até o dia 11 de novembro, foram notificados 239.076 casos prováveis de dengue em todo o país, uma redução de 83,7% em relação ao mesmo período de 2016. Na mesma data, haviam sido registrados 184.458 casos prováveis de febre chikungunya, também uma redução de 32,1%. Por fim, de zika são 16.870 casos prováveis, redução de 92,1% em relação a 2016 (com 214.126).
Para especialistas na área de infectologia, com a queda do número de casos, população e autoridades sanitárias relaxaram nas ações de contenção.
— As pessoas e até alguns gestores são, infelizmente, reativos — avalia Celso Granato, professor de infectologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Para Artur Timerman, presidente da Sociedade Brasileira de Dengue e Arboviroses, o governo não deu atenção, nos últimos anos a outras políticas necessárias para enfrentar as doenças.
— Enquanto não enfrentarmos as questões de urbanização e saneamento básico, o mosquito vai continuar se proliferando.
Confira a lista de municípios gaúchos com classificação de alerta e risco.
- Total de municípios gaúchos - 497
- Total de municípios gaúchos que fizeram o LIRAa out/nov 2017 - 268
- Municípios com índice satisfatório - 212 (79,1%)
- Municípios em alerta - 35 (13,1%)
- Municípios em risco - 21 (7,8%)
Municípios em risco
- Colorado - índice de infestação - 5,4
- Espumoso - índice de infestação - 5,1
- Nonoai - índice de infestação - 5,4
- Pirapó - índice de infestação - 4,4
- Quinze de Novembro - índice de infestação - 7,2
- Sananduva - índice de infestação - 4,5
- Santo Ângelo - índice de infestação - 4,5
- Santo Antônio das Missões - índice de infestação - 5,2
- São Pedro do Butiá - índice de infestação - 5,6
- Santo Cristo - índice de infestação - 6,7
- Humaitá - índice de infestação - 5,3
- Roque Gonzales - índice de infestação - 5,1
- Boa Vista do Buricá - índice de infestação - 5
- Giruá - índice de infestação - 4,9
- São José do Inhacor - índice de infestação - 4,7
- Eugênio de Castro - índice de infestação - 4,5
- Três de Maio - índice de infestação - 4,2
- Canoas - índice de infestação - 4,1
- São Paulo das Missões - índice de infestação - 4,1
- Ajuricaba - índice de infestação - 4
- Tapera - índice de infestação - 4,2
Municípios em alerta
- Almirante Tamandaré do Sul - índice de infestação - 1,2
- Alto Alegre - índice de infestação - 2,1
- Alvorada - índice de infestação - 1,3
- Campo Bom - índice de infestação - 2
- Carazinho - índice de infestação - 2,5
- Entre-Ijuís - índice de infestação - 1,2
- Ernestina - índice de infestação - 1,2
- Garruchos - índice de infestação - 2,9
- Guarani das Missões - índice de infestação - 3
- Ibirubá - índice de infestação - 1,3
- Jaguari - índice de infestação - 1,3
- Lagoa dos Três Cantos - índice de infestação - 1
- Lagoa Vermelha - índice de infestação - 2,1
- Marau - índice de infestação - 2,6
- Miraguaí - índice de infestação - 1
- Não-Me-Toque - índice de infestação - 3,3
- Nova Boa Vista - índice de infestação - 1,3
- Palmeira das Missões - índice de infestação - 2,5
- Passo Fundo - índice de infestação - 2,7
- Porto Xavier - índice de infestação - 1,9
- Quaraí - índice de infestação - 1,6
- Rolador - índice de infestação - 1,4
- Saldanha Marinho - índice de infestação - 1,5
- Salto do Jacuí - índice de infestação - 3,9
- Salvador das Missões - índice de infestação - 3
- São Borja - índice de infestação - 3,1
- São Nicolau - índice de infestação - 3,2
- Sapucaia do Sul - índice de infestação - 2,8
- Sete de Setembro - índice de infestação - 1,1
- Soledade - índice de infestação - 1,1
- Tapejara - índice de infestação - 3
- Tenente Portela - índice de infestação - 2,8
- Trindade do Sul - índice de infestação - 2,7
- Tunas - índice de infestação - 1,1
- Victor Graeff - índice de infestação - 1,9
* Com informações da Agência Estado.