A novela O Outro Lado do Paraíso, da Rede Globo, tem abordado o tema do nanismo no horário nobre da televisão. Comumente o tema é tratado de forma irônica ou pejorativa, mas a novela tem mostrado os problemas e preconceitos que sofrem os anões, inclusive dentro da própria família, que muitas vezes não compreende o “aparecimento” de uma pessoa com nanismo na genética familiar.
O que muitas famílias não sabem é que que 80% dos recém-nascidos com a alteração genética que impede o crescimento normal dos ossos vem de uma "mutação nova", ou seja, é a primeira ocorrência na família.
Segundo a geneticista Dafne Dain Gandelman Horovitz, existem vários tipos de nanismo e alterações ósseas. Ela explica que nem sempre os pais com nanismo terão filhos anões:
– O diagnóstico pode iniciar ainda nos exames do pré-natal, porém, na maior parte das vezes só é confirmado após o nascimento. São nas ultrassonografias que se vê o tamanho da cabeça e dos ossos longos e se existe algum tipo de desproporção. Mas a confirmação só ocorre com exames radiológicos e genéticos, quando necessário – afirma a geneticista.
Segundo Dafne, está em fase de teste clínico no exterior uma medicação que age neste gene e pode melhorar o processo de crescimento.
Uma em cada 12 mil crianças nascidas no mundo possui o nanismo acondroplasia, que ocorre através da mutação no gene FGFR3, responsável pela produção de proteínas que reagem ao hormônio do crescimento e estão ligadas ao desenvolvimento das cartilagens e dos ossos.
Além da mutação genética, o nanismo também pode ocorrer por uma condição metabólica ou por algum problema de origem pós-natal. No primeiro caso, a criança nasce com aparência normal e, ao longo dos anos, devido à ausência de alguma enzima, desenvolve uma patologia óssea progressiva, resultado de erros inatos do metabolismo, que pode levar à baixa estatura. A sua incidência é de um por cem mil.
Já os fenômenos que ocorrem ao longo da vida podem estar ligados às condições sociais ou problemas com hormônios do crescimento, informa a médica.
Outros casos mais raros também são observados. Mas a geneticista explica que independentemente dos fatores, em todos os casos deve-se manter um acompanhamento multidisciplinar, pois podem haver complicações respiratórias, em especial nos primeiros anos de vida, motoras e ortopédicas. Em algumas situações também é preciso uma intervenção por risco de morte súbita devido a compressão da medula.