O Hospital Regional de Santa Maria, entregue há mais de um ano e que segue com as portas fechadas, foi a pauta de uma reunião que envolveu representantes do governo do Estado e da Assembleia Legislativa (AL). Na manhã desta quarta-feira (29), o secretário em exercício de Saúde do Estado, Francisco Paz, falou à Comissão de Saúde e Meio Ambiente da AL, na Capital. Paz substitui João Gabbardo dos Reis, titular da pasta e que está em férias até 31 de dezembro. Paz admitiu que o Piratini está “preocupado com o Hospital Regional e com o seu funcionamento” e complementou:
_ No ano passado, foi entregue uma obra física inconclusa e com problemas para o Estado. Desde então, nós estamos tomando várias providências.
Sobre a gestão do hospital, que ainda segue sem qualquer definição, Francisco Paz falou que a Procuradoria-Geral do Estado (PGE) está analisando a forma de como se dará a gestão do hospital:
_ Hoje nós temos processos que se encontram na PGE. E se concluído de forma favorável a nossa proposta, possivelmente poderemos agilizar a contratação do gestor. Nós todos queremos que o hospital efetivamente funcione o mais breve possível.
Ainda sobre a gestão, o secretário afirma que o Estado tem tido dificuldades em avançar na busca de quem fique à frente do hospital:
_ Temos já a desistência de sete ou oito grandes instituições e, inclusive, da Ebserh (em referência à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares) que poderiam nos ajudar nessa gestão. Mas elas (instituições) recuam quando se começa uma negociação mais definitiva.
O secretário foi questionado pelo deputado estadual Valdeci Oliveira (PT) quanto à possibilidade de retomar as negociações com a Ebserh. Sobre isso, Paz afirmou:
_ Na realidade, nós estamos com uma proposta na PGE para resolver juridicamente. Evidentemente, se for apresentada a ideia de que é possível a Ebserh voltar a negociar, a gente voltará a negociar. Nós fomos a Brasília e lá foi colocado que eles não queriam mais.
Problemas
Sobre o prédio, Paz afirma que o prédio foi mal projetado e executado:
_ Nós tivemos uma obra física mal projetada, mal construída e com problemas de deterioração. E ainda com problemas de readequação à nova proposta assistencial que foi definida em conjunto com os prefeitos da região.
Após superada essas etapas – de adequações ao prédio e de definido quem fará a gestão –, o secretário falou que será preciso “rechear” o hospital:
_ Resolver o problema da saúde não é só construir prédio. Nós temos que montar equipes, colocar equipamentos e pensar no custeio. Tudo isso torna a estrutura hospitalar ou de um posto de saúde algo mais lento do que se imagina. Mas é assim que funciona.
"Pior região de saúde do Estado"
Quando questionado pelo deputado Valdeci Oliveira (PT) se o hospital corre o risco de não abrir as portas, o secretário disse:
_ Ele vai funcionar. Não tenho a menor dúvida. (...) Estamos tentando evitar de se entregar (o hospital) para instituições sem qualificação. Poderíamos lavar as mãos e abrir uma concorrência pública e, assim, entregar o hospital para o primeiro interessado. Mas estamos tendo esse cuidado.
Logo na sequência, o secretário avaliou Santa Maria e a região como “conturbadas”:
_ É difícil a gente enxergar uma região tão conturbada quanto a de Santa Maria. A pior região de saúde do Estado é Santa Maria. Há problemas de toda ordem: cultural, de prática médica, estrutural, organizacional.
Ao fim da audiência, o deputado afirmou que a ida do secretário foi reveladora e mostra que “em nada se avançou a pauta do Hospital Regional”:
_ O que vimos foram respostas genéricas, sem nenhuma afirmação concreta. Infelizmente, a verdade é que vai chegar o fim do ano e não teremos nenhuma solução a esta importante pauta.
Enquanto o hospital não funciona, o Hospital Universitário de Santa Maria (Husm) é a única porta de entrada para pacientes do SUS para 44 municípios das regiões central e fronteira-oeste.