A temporada de maior exposição ao sol também é o momento de pensar sobre a prevenção e tratamento para o câncer de pele. Depois do Dezembro Laranja, marcado por campanhas de conscientização sobre o tema, a população tem a oportunidade de opinar sobre a incorporação, no Sistema Único de Saúde (SUS), de medicamentos mais modernos para tratar o melanoma.
Menos comum dos cânceres de pele, o melanoma metastático trata-se, porém, do mais agressivo, devido ao alto risco de disseminação para outros órgãos. Uma pesquisa divulgada em abril de 2019 pelo Instituto Oncoguia/CliqueSUS concluiu que 98% dos medicamentos prescritos para tratar melanoma no SUS são “pouco eficazes”. Na rede privada, no entanto, os pacientes já contam, desde janeiro de 2018, com tratamentos mais eficientes, que especialistas defendem que sejam disponibilizados também para os usuários do sistema público.
A consulta pública aberta pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias (Conitec) é uma oportunidade para a população expressar sua opinião sobre o tema, pois promove a participação da sociedade nos processos de tomada de decisões do governo sobre políticas públicas de saúde. Na consulta de número 85, “Terapia-alvo (vemurafenibe, dabrafenibe, cobimetinibe, trametinibe) e imunoterapia (ipilimumabe, nivolumabe, pembrolizumabe) para o tratamento de primeira linha do melanoma avançado não-cirúrgico e metastático”, os internautas são convidados a participar da análise para a incorporação, pelos SUS, de remédios mais eficazes, como como terapias-alvo e imunoterapias.
Mesmo que a decisão preliminar da Conitec tenha sido pela não-incorporação desses medicamentos, as contribuições da sociedade civil são importantes porque podem influenciar a recomendação final da instituição e garantir o acesso dos pacientes com melanoma metastático aos melhores tratamentos disponíveis.
O melanoma metastático é um tipo de câncer com alta frequência de mutações genéticas — a mais comum delas, que representa aproximadamente metade dos casos, ocorre em um gene chamado BRAF. Em estudo realizado pela Novartis com pacientes com melanoma metastático com presença de mutação BRAF utilizando terapia alvo combinada, a sobrevida global destes pacientes teve um aumento significativo, trazendo maior benefício a eles.
— Para os pacientes com mutação BRAF, as terapias-alvo são muito efetivas, apresentando aumento significativo no tempo e qualidade de vida. Se os planos de saúde já disponibilizam essas opções há praticamente dois anos, por que o paciente do SUS não teria o mesmo direito? — pontua Antônio Carlos Buzaid, diretor geral do Centro Oncológico Antônio Ermírio de Morais da Beneficência Portuguesa (SP) e membro do comitê gestor do Centro Oncológico do Hospital Israelita Albert Einstein.
Dê sua opinião e incentive familiares e amigos e participar da pesquisa sobre a incorporação de terapias-alvo e imunoterapias para tratamento de pacientes com melanoma BRAF mutado no SUS. Para participar, acesse o site e busque a consulta sob o nome “Terapia-alvo (vemurafenibe, dabrafenibe, cobimetinibe, trametinibe) e imunoterapia (ipilimumabe, nivolumabe, pembrolizumabe) para o tratamento de primeira linha do melanoma avançado não-cirúrgico e metastático”, número 85. A opção "Discordo" da recomendação preliminar da Conitec é a favor da incorporação de novas terapias no sistema público. Já a opção "Concordo" é favorável à não incorporação desses novos medicamentos.
A consulta pública inicia dia 2 de janeiro e tem término no dia 21 de janeiro de 2020.