Agentes de trânsito sem uniforme e com um radar móvel de velocidade apontado para os veículos estão em ruas avenidas de Porto Alegre neste mês de novembro. Mas, conforme a Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), a ação não tem caráter fiscalizatório e não pode gerar multas aos motoristas. Trata-se de um levantamento de dados para embasar estudos sobre implantação de redutores de velocidade, como radares fixos ou lombadas.
A pesquisa é feita por agentes da EPTC não identificados por uniformes e sem viaturas próximas.
— Essa pesquisa é discreta porque a gente precisa da velocidade real. Se estivermos com uniforme, caracterizados como funcionários da EPTC, os motoristas vão parar, reduzir a velocidade — explica Nire Lima Gonçalves, responsável pela Equipe Pesquisa de Mobilidade da EPTC.
A força-tarefa deste mês, com o auxílio de agentes de fiscalização, busca reduzir uma demanda de cerca de cem pedidos da população e de vereadores por mudanças na sinalização de trechos de ruas e avenidas da Capital. São apelos por instalação de lombadas ou sinaleiras, por exemplo, que precisam ser avaliados pela área técnica da EPTC. O estudo com radar móvel serve para aferir a velocidade média dos veículos na via e verificar a recorrência do desrespeito à sinalização no trecho.
Agentes permanecem nos locais por cerca de uma hora. Na segunda-feira (18) à tarde, a ação aconteceu na Avenida Sertório. Os locais dos estudos não são divulgados previamente para não influenciar no comportamento dos motoristas.
— Não há nenhum intuito de autuação, e sim de verificarmos a velocidade em alguns horários do dia para ver se aquela pesquisa vai realmente indicar se aquele ponto necessita de algum reforço de sinalização — explica o diretor-presidente substituto da EPTC, Flavio Caldasso.
A pesquisa discreta gera controvérsia entre motoristas, que confundem a ação com uma fiscalização normal. De acordo com Nire, agentes já foram hostilizados:
— Quando acham que estamos discretos e multando os motoristas, as pessoas xingam, gravam, tiram fotos. Algumas vezes, tem alguma intimidação.
Controladores de velocidade
Em Porto Alegre, operam atualmente 46 controladores de velocidade, conhecidos como pardais, e outras 39 lombadas eletrônicas. Conforme a EPTC, existem ainda 59 locais elegíveis para fiscalização com radar móvel.
Neste ano, até setembro, os equipamentos registraram o fluxo de 254 milhões de veículos nas ruas de Porto Alegre. Destes, 102.288 foram flagrados acima da velocidade permitida, um total de 0,04%.
