As obras do Viaduto Otávio Rocha estão causando transtornos para as pessoas que transitam pela Avenida Borges de Medeiros, na Capital. Além da demora na conclusão da revitalização, que foi adiada para fevereiro de 2025, a falta de mobilidade, sujeira e aumento da insegurança no local preocupam os pedestres.
A reportagem de Zero Hora esteve no local na última terça-feira e conversou com algumas das pessoas que circulavam pela região. Uma das principais críticas era a respeito da passagem de pedestres. Um corredor de tapumes foi construído em um dos lados da via, porém, do outro, as pessoas tinham que transitar no meio da rua. Uma placa indicava que o caminho seguro era o do corredor. No entanto, a distância entre os dois lados fazia com que os pedestres seguissem pelo lado sem tapumes.
O autônomo Marcos Vinicius Amaral, 45 anos, reclamou da situação da obra. Mesmo não passando frequentemente pela região, Marcos já viu um idoso quase ser atropelado no local. Indignado com a demora da revitalização, ele entende que o processo é importante para a melhora da cidade, mas está insatisfeito com os meios utilizados:
— Vi muitas lojas que estavam no subsolo do viaduto serem fechadas por causa da obra. Revitalizar, tudo bem, mas é a vida das pessoas ali. Elas não vão mais voltar com os seus comércios, e novos empreendimentos vão ser dispostos ali.
A técnica de enfermagem Inajara França Santos, 63 anos, é moradora de um prédio residencial que tem uma das entradas na escadaria do viaduto. Com a obra, a outra entrada, no subsolo do edifício, foi fechada. Inajara conta que tem uma avó com dificuldade de locomoção que, há mais de um ano, não pode sair de casa, pois não tem como subir a escadaria.
— Isso dificulta muito o acesso. Fora outros problemas, como a falta de iluminação e segurança. Quando eu saio de noite, meu filho tem que ficar lá embaixo na escada esperando eu entrar. Já tive alguns vizinhos assaltados nesse período também — descreve.
Mau cheiro
O empresário Deoclides Vieira, 65 anos, tem uma lavanderia localizada na escadaria do viaduto Otávio Rocha. A maioria de seus clientes são idosos e, com o avanço da obra, não conseguem se locomover até a loja para entregar ou buscar suas roupas, por conta do piso escorregadio e irregular.
— Já perdi as contas de quantas vezes tive que subir a escada e entregar os itens na Duque de Caxias para os clientes — relata Deoclides.
Outra reclamação do empresário é sobre o mau cheiro. Segundo ele, muitas vezes, dependendo do vento, odores de urina podem ser sentidos do topo da escadaria.
O também empresário Rui Carlos de Souza, 57 anos, concorda com o apontamento de Deoclides. Ele relata que, ao descer as escadas, vê diversas pessoas, inclusive trabalhadores da obra, urinando na estrutura.
— Virou um mictório, fico constrangido — relata.
Contraponto da SMOI
A Secretaria de Obras e Infraestrutura informou que a passagem de pedestres está devidamente sinalizada pela Empresa Pública de Transporte e Circulação de Porto Alegre (EPTC). No quesito do mau cheiro, a pasta justifica que as tubulações de esgoto pluvial estão sendo trocadas, mas que a população joga lixo por cima dos tapumes, o que piora a condição. Por fim, a SMOI afirma que a área está iluminada e que os "bares que ficam na parte superior do Viaduto contribuem para a segurança do local".
*Produção: Elisa Heinski