Mesmo tendo concluído os trabalhos em 15 de agosto, profissionais contratados para retirar entulho das ruas após a enchente em Canoas, na Região Metropolitana, dizem que ainda não receberam a maior parte do valor acordado. Dos 90 dias trabalhados, apenas 15 foram quitados — um em cada seis —, conforme representantes dos trabalhadores.
Entre os meses de junho e julho, a prefeitura de Canoas assinou 11 contratos com o grupo mineiro THV, que subcontratou outras duas empresas para a seleção de equipamentos e trabalhadores. O contrato previa o recolhimento e o transporte de rejeitos até os locais de transbordo. Os documentos formalizaram a terceirização de centenas de funcionários, entre operadores de retroescavadeira, ajudantes de serviços gerais e motoristas de caminhão.
Em busca de respostas, um grupo de profissionais realizou uma manifestação junto à prefeitura, em 10 de outubro. No mesmo dia, o secretário de Serviços Urbanos, Lucas Lacerda, projetou a efetivação dos repasses ao grupo THV até o dia 18. Conforme a administração municipal, cerca de R$ 36 milhões foram pagos à THV no início desta semana. A empresa sinalizou que faria os repasses nesta quarta-feira (23). Até o fim da tarde, contudo, os trabalhadores seguiam alegando falta de pagamento.
O caminhoneiro Braulio Fernandes, 53 anos, que participa de uma comissão criada para buscar esclarecimentos, relata que muitos colegas ficaram endividados:
— Tem gente devendo para borracheiro e para posto de gasolina. Alguns colegas vieram de outros Estados, ficaram 90 dias fora de casa e precisaram pegar dinheiro emprestado para voltar.
Os trabalhadores temem que os pagamentos não sejam efetivados.
Procurado para prestar esclarecimentos, o grupo THV não retornou aos contatos da reportagem. O espaço segue aberto para a manifestação.
A prefeitura de Canoas confirma que a maioria dos aportes veio do governo federal, que concluiu os repasses na semana passada.