A Polícia Civil concluiu, no início da noite desta quarta-feira (16), a coleta de depoimentos sobre o acidente que causou a morte de um operário por queda de elevador. O fato ocorreu por volta das 14h15min, em um prédio comercial no Centro Histórico, em Porto Alegre.
A polícia não revela a identidade do operário que morreu na queda, mas a reportagem de Zero Hora apurou ser Juliano das Neves Dutra, 40 anos.
Em depoimento aos policiais, um dos colegas, que terá o nome preservado a pedido dos advogados, relatou que Juliano trabalhava no vão de instalação quando os equipamentos de segurança se desprenderam, causando a queda, que ocorreu de uma altura equivalente a quatro andares.
— Este trabalhador (o depoente) estava inconformado, sentindo-se responsável, pois foi ele quem convidou a vítima para auxiliar no trabalho. Os dois eram amigos havia cerca de 20 anos — conta o delegado Paulo César Jardim, responsável pelo inquérito.
De acordo com o delegado, o colega relatou que os dois trabalharam juntos em diversas instalações de elevadores e que sempre utilizavam equipamentos de segurança, sem nunca ter havido acidentes. O homem contou que estava fora do fosso, alcançando peças e ferramentas a Juliano, que havia se posicionado no vão para a instalação.
A hipótese, a ser confirmada pela perícia, é de que Juliano tenha prendido os cabos de sustentação do corpo em um local inadequado.
— O depoente disse que abaixou-se para pegar uma ferramenta e ouviu um estalo. Imediatamente, a queda aconteceu. Ele contou que uma grande nuvem de poeira se ergueu. Que desceu correndo as escadas e encontrou o amigo em agonia. Instantes depois, (Juliano) desfaleceu — descreve Jardim.
O delegado revela ter questionado sobre o estado de humor da vítima, sob perspectiva de haver alguma possibilidade de descontentamento.
— Ele estava feliz. Com namorada recente. Faziam planos para noivar e casar. Uma tragédia — conta o policial.
A reportagem tentou ouvir o trabalhador que testemunhou o acidente, mas por conta do estado delicado de ânimo, o advogado pediu que ele fosse preservado.
Outros depoimentos
Além do trabalhador, depuseram representantes da loja Torra, onde o equipamento era instalado. Eles apresentaram informações sobre a contratação dos serviços e se prontificaram a colaborar com as apurações.
Para os representantes da loja, há indicativos de falha no procedimento de segurança do trabalhador. Quatro advogados acompanharam os trabalhos de perícia e coleta de provas pela polícia.
A loja emitiu seu posicionamento por nota (leia abaixo). Advogados de sua assessoria prestaram suporte à investigação e ao trabalhador envolvido. Os representantes indicaram que a Torra havia contratado a empresa Escal Escadas Rolantes e Elevadores Ltda para a prestação do serviço e que esta, por sua vez, contratou outra prestadora.
Ouvida pela reportagem, a assessoria jurídica da empresa Escal Escadas Rolantes e Elevadores Ltda apontou que presta suporte ao trabalhador e à família da vítima. O advogado Rafael Politano informou que o contrato direto dos operários foi realizado pela empresa Ever Up Fabricação Ltda, com sede em Entre-Ijuís, a qual foi contratada pela Escal para prestar o serviço. A reportagem não conseguiu acessar representantes da Ever Up. O espaço para manifestação está aberto.
Nota das lojas Torra
Manifestamos nosso profundo pesar pela fatalidade ocorrida na data de hoje, envolvendo um funcionário da empresa especializada Escal Escadas Rolantes e Elevadores Ltda, contratada para a instalação de novos elevadores no nosso estabelecimento comercial, localizado em Porto Alegre/RS.Permanecemos à disposição das autoridades competentes para colaborar com a apuração dos fatos.Lamentamos profundamente o ocorrido e nos solidarizamos com os familiares e colegas do funcionário.