O Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio Grande do Sul (Crea-RS) autuou duas empresas por falta de registro e ausência de visto no caso envolvendo a morte de um trabalhador durante a instalação de um elevador, em Porto Alegre, em 16 de outubro.
A reportagem de Zero Hora apurou que a empresa Escal, contratada para fazer o serviço em uma unidade das Lojas Torra, no Centro Histórico da Capital, não tinha visto para trabalhar no Rio Grande do Sul e foi multada pela ausência. A Escal subcontratou a empresa Ever Up, que não possui registro junto ao Crea-RS.
Já a Ever UP, por sua vez, contratou um microempreendedor individual (MEI) para prestar o serviço. Ele é o trabalhador que estava junto com o técnico Juliano das Neves Dutra, de 40 anos, que caiu no vão de instalação do elevador em uma altura equivalente a quatro andares. O MEI não se feriu. Dutra morreu no local.
A Ever Up foi autuada por exercício ilegal da atividade, segundo o Crea-RS. A partir de agora, as duas empresas não podem prestar serviços de engenharia em território gaúcho.
Segundo o Crea, o contrato das duas empresas correspondia a montagem, instalação, ajuste e testagem dos elevadores. Porém, foi apresentado ao Crea-RS o registro de um responsável técnico para atividade de supervisão de elevadores e escadas rolantes.
Zero Hora identificou que a empresa Ever Up está em débito com o Crea-RS desde 2017 e sem um responsável técnico. No registro dela, também consta que não está habilitada para as atividades de instalação desse tipo de equipamento.
Procurada pela reportagem, a defesa da empresa Escal, representada pelo advogado Rafael Politano, negou a autuação e disse que apenas e Ever Up foi multada. A defesa da segunda empresa envolvida não foi localizada.
O Crea-RS analisou documentos, certificações e os procedimentos adotados na instalação do equipamento. As empresas participantes da operação tiveram os contratos solicitados. Além disso, o conselho havia solicitado o registro profissional do engenheiro responsável e certificados de normas regulamentadoras (NR).
Inquérito policial ainda não avançou
Com relação à investigação policial, o delegado Paulo Cesar Jardim, responsável pelo caso, disse que não há prazo para conclusão do inquérito.
O motivo, segundo o delegado, é o andamento da perícia, que demanda mais tempo em razão da complexidade envolvendo a estrutura. Até o momento, funcionários e proprietários da loja Torra foram ouvidos pela polícia.
O Instituto-Geral de Perícias (IGP) não dá prazo para concluir o laudo, segundo Jardim.