Os usuários do sistema Bike Itaú — antes conhecido como BikePOA Itaú — de bicicletas compartilhadas já devem ter percebido que o serviço não está sendo oferecido em Porto Alegre. Isso ocorre desde a primeira semana de maio, quando a enchente causou uma série de danos nas estações e nos veículos.
Conforme a Tembici, empresa responsável pela operação em parceria com a prefeitura da Capital e com patrocínio do Itaú Unibanco, o serviço deve retornar de forma gradual na primeira quinzena de julho (confira abaixo a nota na íntegra).
Neste momento, a Tembici avalia as condições das bicicletas e das estações, além de estar em processo de limpeza no galpão onde os modais de transporte ficam armazenados no bairro Anchieta. Todas as 500 bicicletas elétricas foram danificadas pela água da inundação.
A empresa alega, em nota, que os valores pagos pelos usuários foram estornados e as cobranças para clientes recorrentes foram suspensas desde a interrupção do serviço.
A operação funcionava diariamente, das 6h às 22h. Trata-se de 1 mil bicicletas, sendo 500 dessas elétricas, distribuídas por cem estações fixas.
Reunião discutiu futuro do serviço
Nesta terça-feira (2), houve uma reunião virtual entre integrantes da prefeitura e da empresa para tratar do tema.
— Eles (Tembici) tiveram toda a estrutura deles severamente atingida e com um inesperado episódio de perdas de todas as bicicletas elétricas. Explicaram que terão de readequar o serviço em duas frentes: nas estações, fortemente atingidas, e em relação às bicicletas elétricas — revela o coordenador de Planejamento da Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana (SMMU), João Paulo Cardoso Joaquim.
Dessa maneira, o contrato será adaptado de acordo com a possibilidade de oferta do serviço neste momento, ou seja, haverá menos bicicletas e estações. O Executivo aceitou alterar o vínculo sem maiores problemas.
Usuários sentem falta do serviço
A reportagem de Zero Hora circulou pelas ruas da Capital nesta terça-feira e observou estações sem bicicletas. Na Avenida Padre Cacique, próximo à Fundação Iberê Camargo, este era o cenário. As pessoas passavam pedalando bikes próprias, caminhando ou correndo. Patinetes de outras empresas seguem sendo oferecidos normalmente para os usuários.
O norte-americano de Nova Jersey, Kenny Matthews, 55 anos, praticava corrida. Engenheiro civil e empresário, ele diz que sente falta das bicicletas. Diz que costuma usar o serviço em torno de três vezes por semana.
— Sinto falta das bicicletas, por isso estou correndo. É péssimo ficar sem — conta Matthews.
A engenheira agrônoma Vânia Angeli, 33, comenta que não havia percebido a interrupção do serviço das bicicletas laranjas.
— Acho que faz falta aos finais de semana e nos horários em que as pessoas praticam exercícios — afirma ela. — A bicicleta pode ser observada até na qualidade de vida das famílias que usam — acrescenta.
Os amigos aposentados Angela Carvalho, 60, e Flavio Duarte, 72, perceberam a falta do modal de transporte.
— Sempre usava as bicicletas para lazer. Mudei da caminhada para a bike, pois andar de bicicleta é voltar à infância. É uma pena não ter, porque tem gente que usa para trabalhar. Não é só lazer, é um meio de transporte — reflete Angela.
Por sua vez, Flavio conta que não utiliza as bicicletas com frequência. Mas ressalta que aluga alguma nas estações em momentos de lazer.
— Ficou horrível (sem a opção). De repente, o serviço deixou de ser oferecido — conclui.
Confira a nota da Tembici
"Devido ao estado de calamidade pública enfrentado em Porto Alegre entre o final de abril e maio, visando a segurança de nossos usuários e colaboradores, a Tembici suspendeu temporariamente suas operações na cidade na primeira semana de maio.
Atualmente, nossas equipes e parceiros terceirizados estão avaliando o impacto no sistema, verificando a condição das nossas bicicletas e estações, além de realizar o trabalho de limpeza e desobstrução do nosso galpão, que foi severamente afetado. Este espaço é essencial para a logística, manutenção e preservação das bicicletas, por isso é o foco do nosso time neste momento.
Estamos atuando na contabilização de itens potencialmente perdidos, mas ainda não possuímos dados fechados. Planejamos retomar o serviço de forma gradual na primeira quinzena de julho. Compreendemos que essa situação impacta nossos usuários e a mobilidade da cidade, mas a segurança de quem pedala é nossa principal prioridade.
Todos os usuários foram devidamente comunicados sobre a suspensão temporária do serviço e serão informados assim que o serviço for restabelecido. Desde o início da paralisação, todos os valores pagos foram estornados e as cobranças para usuários recorrentes foram suspensas.
Reiteramos nosso compromisso em restabelecer as operações o mais breve possível e agradecemos a compreensão e o apoio de todos os nossos usuários e parceiros durante este período."