Pesquisadores do Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) realizaram nesta quinta-feira (16) mais uma série de análises da água que inundou Porto Alegre e a Região Metropolitana nas últimas semanas. A coleta de amostras servirá para estudar os possíveis impactos em relação a doenças e poluição a partir da vinda de lixo e sedimentos para áreas residenciais.
O trabalho liderado pelo professor Maurício Paixão foi feito com outros quatro pesquisadores nesta quinta. A reportagem de GZH acompanhou a equipe na expedição de barco que saiu pela manhã do Anfiteatro Pôr do Sol e foi até o lado oeste do Guaíba e falou ao vivo à Rádio Gaúcha.
O professor Paixão explica que a intenção principal do trabalho é apontar o quanto as áreas alagadas podem apresentar riscos às pessoas.
— A gente quer entender ao que a população que ficou em contato com a água está exposta. Tanto em termos de poluição, quanto contaminações diversas — afirma.
O pesquisador afirma que ainda não tem o relatório completo das primeiras análises, mas eles já observaram alguns indicativos.
— A gente começa a ter alguns resultados preliminares que indicam uma contaminação um pouco maior na região do Centro Histórico e na zona norte de Porto Alegre e posteriormente uma qualidade um pouco melhor mais ao Sul — explica.
Nas análises, são coletados tubos com água das inundações para serem observadas a coloração e a concentração de elementos, conforme Paixão:
— Em algumas amostras, há fósforo muito alto, por exemplo. Isso pode indicar contaminação.
A primeira parada foi no bairro Sans Souci, em Eldorado do Sul, onde a cheia chegou a mais de meia dúzia de quadras distantes da orla. Em uma das casas atingidas, mora o eletricista Roberto Salin, 47 anos, que aproveitou para pegar carona no barco.
— Fiquei 15 dias fora, abrigado na casa da minha irmã. Estou voltando agora pra ver como está a situação. Antes de sair, tive de ser resgatado da laje do meu vizinho, único lugar onde a água não subiu — relata Salin.
Outro ponto a ser visitado pelos pesquisadores é o bairro Arquipélago, na Região das Ilhas. O local segue inundado, sem água nem luz. O professor Paixão afirma que a área será a última em que a água deve baixar pelo fato de estar em um local mais baixo.
— Isso se deve à questão topográfica. Por isso, é difícil até fazer uma previsão de termos algo perto da normalidade por lá.