As feiras de Porto Alegre sentem os efeitos das fortes chuvas das últimas semanas. Já há falta e queda na qualidade das chamadas folhosas, como alface, rúcula e espinafre, e também existe a perspectiva de elevação nos preços desses produtos. De acordo com o comerciante Daniel Mahl, que atua no Mercadão do Produtor, organizado pela prefeitura na Rua Doutor Júlio Bocaccio — quase na esquina com a Avenida Bento Gonçalves — os fatores climáticos têm relação direta com a redução do tamanho das hortaliças.
— Muita chuva e a falta do sol, que não deixa o solo secar para produzir. É muita umidade na terra. Aí não desenvolve o produto — comentou, em conversa com GZH nesta terça-feira (14).
De acordo com Mahl, o resultado da quebra da safra será o aumento do preço repassado ao consumidor. Ele costuma comprar hortaliças de fornecedores na zona sul da Capital.
— Os produtores, como perderam muito, para poder pagar os insumos e os próprios funcionários, são obrigados a aumentar o preço do que estão colhendo — acrescentou.
Ainda não é possível dizer a média de aumento no custo produtos. O percentual depende da alternativa encontrada por cada comerciante. Já há casos de feirantes comprando itens vindos de São Paulo.
O coordenador da Unidade de Fomento da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e Turismo, Oscar Pellicioli, também prevê alta de preços em função das alterações logísticas. Por conta da dificuldade de transporte, feirantes apontam ainda a escassez de ovos produzidos no interior do Estado.
— Em muitas regiões, não tem como passar carro pequeno, então tem que fazer translado dessa mercadoria. Em outras regiões, ainda tem estradas alagadas ou obstruídas. Então, a logística vem de outros lugares, como do Litoral Norte ou da Grande Porto Alegre, quando dá. Então, se notou aumento do preço, sim. As verduras, que ficam à mercê do clima, foram inutilizadas por excesso de chuva — comenta Pellicioli.
No período de enchente, a decisão de se realizar a feira ou não ocorre de semana em semana. A orientação da prefeitura é para que elas sejam realizadas somente em locais que não estejam alagados e que tenham condições de acesso do público consumidor. Ao todo, Porto Alegre tem 45 feiras do tipo "modelo" e "mercadão do produtor".