Um efeito semelhante a uma onda, no qual o nível do Guaíba eleva-se 15 centímetros a cada quilômetro, é a constatação do Instituto de Pesquisas Hidráulicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (IPH/UFRGS), que explica a divergência de altura da lâmina d'água em diferentes pontos do Guaíba. A variação entre o atual ponto de medição, próximo à Usina do Gasômetro, e a posição anterior, no Cais Mauá, pode chegar a meio metro.
Nesta quinta-feira (23), era possível perceber o apontamento dos especialistas. Enquanto o nível medido pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema), no Gasômetro, variava com a intensidade da chuva, orbitando em torno dos 3m90cm, a prefeitura apresentava medições entre 3m50cm e 3m40cm no Cais.
Para o pesquisador do IPH/UFRGS, Fernando Fan, mais importante que o debate acerca do ponto de checagem do nível mais adequado é haver mais pontos de medição de dados, para que autoridades e estudiosos possam observar, produzir informação mais precisa e apontar ações sobre enchentes.
— É um fenômeno recentemente constatado e que se apresenta nas situações de elevação rápida da água — apontou Fan.
Conforme a secretária estadual de Meio Ambiente e Infraestrutura, Marjorie Kauffmann, medições adicionais podem ser positivas para monitoramento do avanço das cheias, mas o dado que deve ser adotado para a tomada de decisões precisa ser o oficial.
— A nossa medição segue parâmetros que são registrados e certificados pela Agência Nacional de Águas (ANA). É o parâmetro que segue a metodologia que tem ajudado os cientistas a acertarem todas as previsões até o momento atual e que salvou vidas pelos alertas de evacuação — defendeu a secretária, em entrevista concedida na noite desta quinta-feira (23).
Mais cedo, à tarde, o prefeito Sebastião Melo destacou, em coletiva de imprensa, que confia nos dados da secretaria.
— A gente tem medido na Cais, entre 3m40cm e 3m50cm, mas sabemos que a Sema trata com grande responsabilidade este tema — pontuou o prefeito.
A secretária Marjorie relatou que o equipamento no Cais operou até as 23h de 2 de maio. A mudança foi praticada emergencialmente e a Sema avalia ampliar os pontos de aferição, apesar de confiar na fidelidade dos dados produzidos atualmente.