A situação é a mesma desde 2020: a passarela da Rua Arvoredo, na Lomba do Pinheiro, sob o Arroio Taquara, em Porto Alegre, segue em condições precárias. Os pedidos de reparo dos moradores do bairro já foram publicados quatro vezes no Diário Gaúcho, duas em 2020, uma em 2021 e uma em 2022. Após isso, o local chegou a ser interditado pela prefeitura. Como nenhuma medida para melhoria foi tomada, e a passarela é um atalho que, segundo os moradores, encurta um trajeto de cerca de dois quilômetros, a comunidade voltou a utilizar a passagem.
Atualmente, a estrutura está rachada e as grades de proteção da travessia estão quebradas, o que gera perigo de queda, tanto da ponte, quanto das pessoas que passam por ela. Além disso, o arroio serve como depósito de lixo para a população, o que, somado ao acúmulo de água da chuva, pode gerar focos do mosquito da dengue.
Segundo moradores, escolas, mercados e paradas de ônibus estão localizados nos dois lados da passarela, fazendo com que o trajeto de atalho seja amplamente utilizado pela comunidade e, inclusive, pelos motoboys do bairro.
– A gente depende de um remédio, de uma comida. Já o motoboy depende da ponte – relata Ives Nunes Brum, moradora da Rua Arvoredo há oito anos.
O motoqueiro Ivan Roberto Dias, do grupo solidário 398 – Motoboys da Lomba, que já participou das outras reportagens do Diário Gaúcho sobre o tema, relata que a passagem está cada vez mais perigosa e que só o isolamento do local, como foi feito anteriormente pela prefeitura, não é a solução ideal para a comunidade:
– Não tem como passar com segurança na ponte.
Os moradores contam que a promessa por reparos existe desde 2020 e, nesse meio tempo, muitos políticos foram até o local para avaliar a situação. O mais recente contato teria sido na semana passada, quando um representante da prefeitura teria prometido o começo da reforma até o início de maio.
– Queremos solução, não que alguém venha olhar e não faça nada – exclama Ives.
Visões
A comunidade busca, em peso, a melhora da situação da ponte. No entanto, as opiniões sobre como o problema deve ser resolvido divergem. Segundo Ivan, o grupo dos motoboys luta pela reforma da passarela. Outros moradores, porém, apontam que a solução seria construir uma rua no local. Jurandir da Rosa é um deles, pois acredita que, se a ponte for apenas reformada, terá sua estrutura comprometida novamente, por ser projetada apenas para pedestres:
– Eles não fazem uma estrutura que possa passar motos, e se fizer uma passarela para pessoas e passar motos, vai acabar caindo de novo.
No entanto, Jurandir reitera que não é contra a passagem de motos no local, mas que é necessária a manutenção.
– Queremos que passem motos, mas que seja seguro para ambos – diz o morador.
O que diz a prefeitura
Segundo o Secretário Municipal de Obras e Infraestrutura de Porto Alegre (Smoi), André Flores, em 2022 foi feita uma licitação para contratação dos serviços de reforma da passarela. No entanto, a empresa não cumpriu as normas do contrato e foi penalizada, em 2023.
Depois disso, por conta da obrigatoriedade de utilização da nova lei das licitações, estabelecida no ano passado, um novo edital será publicado, de acordo com Flores, ainda no primeiro semestre de 2024. Após a aprovação da licitação, a previsão é de que a obra dure, em média, quatro meses.
Segundo Flores, a passarela será projetada para passagem de pedestres, mas a prefeitura está ciente que as motos também utilizam a passagem, por ser um atalho importante no local.
Ainda de acordo com a Smoi, substituir a ponte por uma rua é uma questão com maior complexidade, pois a construção deve estar prevista no Plano Diretor da Capital, o que, atualmente, não está.
Produção: Elisa Heinski