Quase uma semana depois da tempestade da última terça-feira (16), moradores da grande Porto Alegre seguem enfrentando a falta de energia. Com isso, eles precisaram encontrar formas de se adaptar, enquanto as equipes das concessionárias não resolvem o problema. Velas e lanternas ajudam a iluminar, e caixas térmicas guardam o que foi possível salvar das geladeiras, que agora têm a mesma temperatura dos ambientes em que estão.
Na Rua André Gambrois, bairro Nonoai, um eucalipto de grande porte caiu durante o temporal sobre um poste com fiação da rede elétrica. A raiz da árvore destruiu a cozinha e o banheiro da casa onde mora o marinheiro aposentado Darci Conceição, 69 anos (veja o vídeo acima). Ele conta que só se salvou porque estava em outro cômodo:
— Fui para o quarto, me escondi perto do roupeiro. Se eu estivesse na cozinha estaria morto. Eu e os meus cachorros.
As casas da região estão no escuro desde o temporal. Nesta manhã, bombeiros cortaram partes da árvore que traziam riscos para os moradores. Mas ainda falta o trabalho das equipes da CEEE Equatorial para que rede seja religada.
O porteiro Fabiano Gonçalves é vizinho de Conceição. Ele relata quase seis dias à luz de velas e usando caixas térmicas para guardar carnes:
— Praticamente tudo o que tinha no freezer foi fora. Nós compramos para durar o mês todo, mas infelizmente perdi tudo. Tem que voltar logo (a energia).
Residencial oferece freezers para armazenar medicamentos
A necessidade da luz também é grande na casa da Nadir de Pauli, 73 anos. O marido dela sofre de diabetes e precisa de seis doses diárias de insulina. Sem conseguir armazenar o medicamento na geladeira, foi preciso contar com o apoio de amigos em outro bairro:
— Deixamos tudo em uma casa na Glória. Todos os dias meus filhos estão indo buscar. Ele não pode ficar sem, teve um AVC há dois anos e sem a insulina não sei o que pode acontecer.
Também na Zona Sul, no bairro Aberta dos Morros, o residencial de moradia assistida Libertad, voltado para autistas, colocou os freezers à disposição para quem precisa guardar remédios. O local, que fica na Avenida Eduardo Prado, 2.092, conta com médicos e enfermeiros, e as equipes podem buscar os insumos se for necessário. Quem precisa pode entrar em contato pelo telefone (51) 99799-8006.
— Nós estamos há um mês aqui e nos solidarizamos com os vizinhos e a comunidade. Nos colocamos à disposição para ajudar a armazenar esses medicamentos — destaca o médico Eduardo Ferraz, que atua no residencial.
Também no bairro Aberta dos Morros, na manhã desta segunda-feira, moradores fizeram um protesto. Veja vídeo abaixo.