A prefeitura de Porto Alegre apresentou, na manhã deste sábado (16), dois ônibus elétricos que serão integrados à frota da cidade para um período de testes a partir de fevereiro, dando início a um processo de substituição gradual dos veículos movidos a diesel e considerados mais poluentes. O passo seguinte será dado, ainda no primeiro semestre do ano que vem, por um projeto-piloto que prevê a utilização de 12 ônibus movidos a eletricidade para atender duas linhas — a 178.1 - Praia de Belas e uma nova rota que vai circular pela região central e passar por alguns dos principais hospitais da cidade.
Durante a apresentação dos dois equipamentos de teste, em um estacionamento nas proximidades do Estádio Beira-Rio, o município formalizou também a entrega de 108 veículos com ar-condicionado e classificados como novos. Parte dessa frota, porém, entrou em circulação ainda no mês de junho. Outros começaram a rodar nos meses seguintes, dos quais cerca de 50 no mês de dezembro.
O par de veículos movido a energia elétrica que será utilizado em fase de testes ao longo de 60 dias serão integrados à linha 520.3 - Triângulo/24 de Outubro/Auxiliadora. De acordo com o secretário de Mobilidade da Capital, Adão Castro Júnior, empresas de dentro ou fora do país que tiverem interesse de se somar aos testes realizados em Porto Alegre poderão firmar acordo com o município e fornecer mais veículos para rodar experimentalmente.
— Estamos em tratativas até com uma empresa chinesa. A intenção é criar um laboratório de eletromobilidade na Capital — sustenta o secretário.
Durante a etapa de testes com os dois primeiros veículos, um da Marcopolo e outro da Caio/Eletra, e ao longo do projeto-piloto, técnicos do município e da Associação de Transportadores de Passageiros (ATP) deverão monitorar itens como consumo de energia, desempenho, custos de manutenção e operação dos ônibus elétricos para modular a progressiva conversão da frota do diesel para as baterias recarregáveis. Não foram apresentados prazos ou um cronograma até a transformação integral do sistema de transporte.
Uma das principais vantagens dessa substituição é a redução das emissões de carbono na atmosfera — uma das causas fundamentais das mudanças climáticas. Os ônibus que darão início aos testes na Capital deverão promover uma diminuição equivalente a 128 toneladas por ano de lançamento de gases nocivos na atmosfera.
Adão Castro Júnior sustenta ainda que, embora os ônibus elétricos sejam mais caros em relação àqueles movidos a diesel, teriam uma redução nos custos de manutenção de pelo menos 30% em comparação à frota convencional impulsionada por combustível fóssil. O prefeito Sebastião Melo, que marcou presença na cerimônia e circundou o Parque Marinha do Brasil e um dos novos coletivos, afirmou que a prefeitura está investindo cerca de R$ 40 milhões na aquisição dos 12 carros climatizados do projeto-piloto.
— O dinheiro não é dado. A gente bota o recurso, e depois vai descontando (das empresas) ao longo do tempo — afirmou Melo.
Os veículos eletrificados contam com autonomia de até 280 quilômetros e serão abastecidos por meio de recarregadores localizados em três garagens de empresas da Capital. Uma carga completa levará cerca de três horas. Segundo a prefeitura, esses equipamentos vão utilizar a rede geral de energia do município — unidades com geração própria, como placas solares ou aerogeradores, são consideradas mais sustentáveis por ambientalistas.
Já os 108 veículos também apresentados formalmente à população no sábado, embora a maior parte já esteja rodando pela cidade, fazem parte de um projeto mais amplo de renovação da frota que engloba no total 245 veículos que começaram a atender diferentes linhas do município ainda em 2022. Esse lote mais recente é da chamada linha Euro 6 — caracterizada por uma redução de até 80% na emissão de gases poluentes.