O cenário da Região das Ilhas, em Porto Alegre, era de estragos e mobilização na segunda-feira (20) em decorrência da chuva do fim de semana. Conforme balanço da Defesa Civil da Capital, divulgado nesta terça-feira (21), 920 pessoas haviam sido retiradas de casa na localidade.
A velocidade com que as águas do Guaíba chegaram às residências fez com que a atual enchente superasse a de setembro, antes considerada a maior dos últimos anos.
Região mais afetada, a Ilha da Pintada só podia ser acessada por grandes caminhões ou embarcações a motor, devido ao grande volume de água e à força da correnteza. A área fica mais afastada da BR-290, ao contrário das demais ilhas, e para acessá-la é necessário passar pelo bairro Picada, em Eldorado do Sul, que também estava alagado.
Com auxílio de caminhões do Exército e caminhonetes conduzidas por voluntários, moradores deixavam as casas já quase submersas. GZH acompanhou duas operações de resgate. Em cada uma das viagens, cerca de 10 pessoas eram carregadas nas caçambas. Muitas deleas estavam incrédulas e assustadas, dizendo nunca ter vivido algo parecido.
— Nunca vi algo assim. Quando comprei a casa aqui, diziam que enchentezinha era só de molhar a pé. Eu estou muito nervosa. A minha casa, o primeiro andar, já ficou tomado. Ficou a geladeira boiando, virada — contou Sônia Marzona.
Voluntários iam e voltavam diversas vezes para fazer o resgate de moradores. Entre eles estava o empresário Eduardo Veneroso, que usou o veículo que utiliza para fazer trilhas e já havia auxiliado a população em enchentes anteriores.
— A gente já faz isso há um bocado de tempo, a gente percebe a necessidade das pessoas e vem por intuição. O pessoal da Defesa Civil acionou um amigo, que me acionou, e a gente veio — contou.
As famílias afetadas estão sendo encaminhadas para o ginásio do Departamento Municipal de Habitação (Demhab), no bairro Santana. Conforme apontamento da prefeitura, 134 pessoas estão no local. São 40 famílias, 79 adultos, 55 crianças, 6 gatos e 6 cães.
Em ilhas como do Pavão e das Flores, famílias preferiram montar barracas às margens da BR-290 para continuar vigiando as residências de longe.
— A gente já perdeu quase tudo, tem que ficar de olho na casa. Tem que estar vigiando — afirma Valmir da Silva, morador da Ilha do Pavão.