Ao menos 210 famílias afetadas pelas enchentes em Porto Alegre já demonstraram interesse em receber auxílio financeiro da prefeitura. O chamado Programa Municipal de Recuperação e Auxílio Humanitário prevê benefícios em dinheiro para quem teve algum tipo de prejuízo provocado pelos alagamentos no mês de setembro.
Atualmente, são duas modalidades disponibilizadas. Uma delas prevê R$ 3 mil para custear móveis e eletrodomésticos perdidos durante os alagamentos. A outra oferece R$ 700 reais para quem ainda não pode voltar para casa e precisa se estabelecer em outro local. Neste caso, a medida é válida por até três meses, podendo ser prorrogada por mais três. É possível que a família seja contemplada por mais de um dos critérios, conforme a situação de cada uma.
Há ainda outras três categorias que devem ser incluídas no programa. Uma que disponibiliza R$ 3 mil reais para quem teve seu estabelecimento comercial danificado, outra que estabelece a reconstrução de casas destruídas, e, por fim, uma verba de até R$ 60 mil para recicladores que tiveram as unidades de triagem afetadas pela enchente. Todas elas ainda estão em análise e ainda não têm data para entrar em vigor. O investimento estimado é de R$ 70 milhões.
Pode se cadastrar qualquer pessoa que tenha tido prejuízo durante o período de chuvas e de cheias do Guaíba na Região das Ilhas e na zona sul da Capital. Para efetivar o cadastro, equipes da Defesa Civil e da Secretaria Municipal do Desenvolvimento Social (SMDS) realizam uma busca ativa da população na região. Inicialmente estão sendo consultadas as pessoas que vivem nos abrigos.
A expectativa é que o processo seja concluído até final do mês. Em novembro devem ser consultadas pessoas que vivem em residências nas áreas que foram alagadas.
Levantamento da SMDS aponta que ao menos 90 cartões já foram entregues referentes ao auxílio para custear eletrodomésticos e móveis. Outros 40 cartões foram entregues pelo Departamento Municipal de Habitação (Demhab), referentes às moradias provisórias.
Categorias dos programas de auxílio:
Auxílio para eletrodomésticos e móveis
- Quem pode receber: famílias que perderam itens básicos dentro de casa
- Valor: R$ 3 mil
Estadia Solidária
- Quem pode receber: famílias que tiveram de sair de casa em razão das enchentes e precisam ficar em casas de amigos/familiares ou outros espaços até retornarem a um lar
- Valor: três parcelas mensais de R$ 700 (podem ser prorrogadas por mais três meses)
Auxílio para comércio/negócios (em avaliação)
- Quem pode receber: comerciantes ou microempresários que tiveram equipamentos ou condições de trabalho inviabilizados em razão das enchentes
- Valor: R$ 3 mil
Construção de casas (em avaliação)
- Quem pode receber: famílias que perderam toda a casa e ficaram desabrigadas
- Como deve funcionar: prefeitura poderá construir casas em terrenos do município ou onde vivia a pessoa afetada
Unidades de triagem (recicladora)
- Quem pode receber: grupos que utilizavam unidades de triagem para trabalho
- Valor: até R$ 60 mil por unidade de triagem
- Como deve funcionar: Pessoas que possuam unidades de triagem de resíduos sólidos urbanos do sistema de limpeza afetados poderão receber incentivo financeiro para que sejam reestruturadas
Famílias seguem em abrigo
Apesar da expectativa do município de esvaziar o abrigo no salão paroquial Nossa Senhora da Boa Viagem, na Ilha da Pintada, até o fim da semana, 42 pessoas seguem no local, segundo a Fundação de Assistência Social e Cidadania (Fasc). A tendência é que as famílias sigam recebendo acolhimento na próxima semana.
Segundo o secretário de Desenvolvimento Social de Porto Alegre, Léo Voigt, a dificuldade das pessoas encontrarem um lugar para ficar e a demora para que a água baixar dificultaram o processo de esvaziamento do espaço.
— As pessoas não têm ainda destino assegurado para se dirigir, ou não conseguiram a locação, um familiar para ficar. Além disso, algumas não aceitaram a oferta feita. Além disso, a água nas ilhas não baixou. Se esperava um processo mais rápido de secamento da região e isso não está ocorrendo, devido à situação de chuvas nas nascentes — relata.
Moradores das ilhas chegaram a relatar que servidores da Fasc estariam obrigando as pessoas a deixarem o abrigo. Na última quarta-feira (18), Voigt reconheceu que é desejo da prefeitura esvaziar o local o quanto antes, por se tratar de um abrigo temporário e que possui outras atividades.