No Paradão de Canoas, Região Metropolitana, próximo a uma estação do Trensurb, passageiros sofrem com a demora na chegada dos ônibus da Sogal. A empresa que administra o transporte coletivo da cidade há 56 anos terá o contrato encerrado no dia 23 de dezembro, mas ainda não há definição sobre quem assumirá a operação - por isso, o contrato será prorrogado até a conclusão do processo.
Em entrevista a GZH, o prefeito de Canoas Jairo Jorge garantiu que o serviço não será descontinuado e o contrato com a Sogal será prorrogado até que todo o processo licitatório seja concluído. A licitação prevista pela prefeitura de Canoas ainda está sendo elaborada. A expectativa é de que o edital seja lançado neste ano, após avaliação do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RS). Um levantamento técnico, que deverá embasar o documento, deve ser concluído nas próximas semanas.
— Já está sendo adotado em algumas cidades, onde a prefeitura é responsável pela tarifa. As empresas são fretadas para prestar o serviço, recebendo apenas por quilômetro rodado - explica o prefeito de Canoas, Jairo Jorge.
De acordo com a prefeitura, o objetivo é ter duas empresas de ônibus atendendo e que o pagamento da tarifa seja realizado apenas de forma eletrônica. Outra novidade prevista é a adoção de um sistema de avaliações pelos passageiros, similar ao de transporte por aplicativo.
Esperas longas
A equipe de reportagem de GZH ouviu passageiros que criticam o serviço da forma como ele é prestado atualmente. O principal problema diz respeito aos horários. Morador da Mathias Velho há seis meses, o venezuelano Elías Rosado, diz que o sistema atual é problemático.
— Estou quase uma hora esperando aqui. Tenho uma reunião do meu trabalho, estou atrasado.
— A gente quase morre nas paradas esperando o ônibus. Tu fica um tempão. E quando chega, vem lotado - desabafa Vera Lúcia Silva da Cruz.
A dona de casa, de 77 anos, ainda comenta que encontrar lugar para sentar é uma dificuldade, ainda mais quando os mais jovens decidem não ceder um assento.
A reclamação é compartilhada pela Ângela Maria Oliveira, de 66 anos. Mas a idosa menciona também a falta de ar-condicionado, que torna os deslocamentos em dias mais quentes praticamente insuportáveis.
— Os ônibus que eu pego para ir para casa não têm ar-condicionado. Não é dona Sueli? - pergunta para a amiga ao lado, que também aguardava na parada.
— Não tem nada (de ar-condicionado). A gente pega quase todos os dias. E os horários tão meio safados, tá demoradinho - acrescenta Sueli Silva de Freitas.
Os ônibus que Sueli e Ângela pegam são da cor verde, mais antigos, sem ar-condicionado. No Paradão de Canoas, também foi possível perceber a chegada de coletivos azuis - boa parte deles conta com o equipamento.
Táxi nos finais de semana
Uma das reclamações que chegou ao conhecimento de GZH através dos passageiros que aguardavam no ponto está relacionada ao funcionamento nos finais de semana. Maria da Silva Morel, funcionária terceirizada da Trensurb, diariamente, pega um ônibus às 5h10 para começar a trabalhar às 6h na Estação Unisinos. Aos sábados e domingos, ela se vê obrigada a pagar táxi para fazer o deslocamento porque o primeiro coletivo só sai do final da linha às 6h.
— Pago do meu bolso. Inclusive estou com R$ 200 para pagar pelas corridas de táxi. Porque não tem ônibus. As pessoas trabalham, né?
Brandina da Silveira, empregada doméstica, também faz uso dos ônibus de Canoas todos os dias. A precariedade dos veículos, na opinião dela, é a principal marca do sistema.
— Alguns ônibus não têm ar-condicionado, estão sempre lotados, quando chove não tem banco para sentar porque ficaram molhados, as condições são péssimas. E a gente paga por isso - critica.
Quando informada que a Sogal pode continuar no transporte, ela reclama, resignada.
— Olha, eu não sei nem o que dizer. Se não tem outra... Mas seria bom que outra empresa assumisse e melhorasse. É frustrante, mas o que vamos fazer? - avalia a empregada doméstica Brandina da Silveira.
A Sogal foi acionada pela equipe de reportagem em busca de um posicionamento sobre os problemas apontados, mas ainda não retornou com uma resposta.
De acordo com o titular da Secretaria Municipal de Transportes e Mobilidade (SMTM), Gilson Azevedo, o Departamento de Fiscalização tem atuado de forma constante em relação aos problemas apontados pelos passageiros.
— Todas as denúncias são avaliadas, sendo que as procedentes geram autos de infração. No período de janeiro a setembro deste ano, foram emitidas 1.758 autuações com relação aos diversos fatos envolvendo o transporte coletivo - ressalta.
Canais da prefeitura para reclamações
- (51) 3425-7639 (ramal 6533 - da Diretoria de Transportes)
- (51) 99365-9452 (WhatsApp da Diretoria de Transportes)
- 0800-510-1234 (Central de Atendimento ao Cidadão)