O retorno da chuva voltou a provocar aumento do nível do Arroio Feijó, agravando a cheia em Alvorada, na região metropolitana de Porto Alegre. Ruas dos bairros Americana, Nova Americana, Sumaré e 11 de Abril estão há quase 10 dias debaixo d'água, fazendo com que mais de 200 pessoas estejam fora de casa.
Nos últimos dias, o nível da água vinha baixando, e alguns moradores já faziam a limpeza de suas residências. No entanto, na manhã desta sexta-feira (22), o rio voltou a inundar pátios que já estavam secando, como o de José Luís Ribeiro. O vigia de 47 anos está desde o dia 13 sem luz. Nesta sexta-feira (22), a CEEE Equatorial registra 400 pontos sem energia na cidade. Na região atingida pela enchente, o desligamento foi realizado por questão de segurança, para se evitar o risco de choques elétricos, segundo a companhia.
— É complicado, né? Por volta das 5h começou a chover, e subiu tudo novamente, eu tinha lavado toda a varanda aqui, toda a área que tinha baixado. É difícil ficar sem luz, principalmente por ter que tomar banho frio e não conseguir esquentar comida — conta.
Nas partes mais baixas, muitas moradias seguem sem luz e água. Algumas pessoas permanecem no local e dependem de ajuda de voluntários para se alimentar. Outras perderam tudo que tinham, e estão há mais de uma semana se reestabelecendo em casas de familiares. Luís Carlos Gonçalves Laurentino, 52 anos, está desempregado e vivendo na residência da cunhada. A dele, aos fundos, está quase toda submersa, assim como o carro (veja fotos abaixo).
— Não sobrou nada. O que deu pra tirar eu tirei: TV, aparelho de som, o resto foi tudo água afora. Vamos ter que lutar de novo, estou desempregado, não tenho condições, estou doente. Essa é a vida, né, fazer o quê? Então vamos ter que adquirir (pertences) não sei como, de que maneira. Vamos ver o que vai ser daqui pra frente — lamenta.
Segundo o boletim mais recente da prefeitura, da manhã desta sexta-feira, 1.027 casas foram atingidas em Alvorada. Duzentas pessoas estão em casas de parentes e outras 12 abrigadas no Centro de Referência de Assistência Social (Cras) Cedro.