Moradores de Alvorada, na Região Metropolitana, estão há oito dias sem luz. As ruas de alguns bairros ainda estão alagadas, após transbordamento da parte baixa do Arroio Feijó, em direção ao Rio Gravataí. A energia está desligada a pedido da Defesa Civil municipal e do Corpo de Bombeiros, em razão da falta de segurança nas áreas alagadas.
Na manhã desta quinta-feira (21), moradores do bairro Americana aproveitaram o tempo seco para tentar limpar casas e estabelecimentos. A população também começou a contabilizar os prejuízos. Segundo a prefeitura, houve redução no nível da água.
Joselino Kuntz, 68 anos, é o proprietário de um bar na Rua Marquês do Pombal. O estabelecimento, que está fechado desde a semana passada, foi invadido pela água e pela lama. Kuntz colocou as bebidas e as cadeiras em cima das mesas, alugou um gerador e pegou emprestada uma extensão de energia elétrica para conseguir limpar o local.
— É a terceira vez que eu limpo só neste ano, mas desta vez foi muita água. Cerca de 30 centímetros dentro do bar. O prejuízo é grande porque tudo está parado. E sem luz perde-se muita coisa e não dá para fazer nada — relatou, entre lágrimas.
Também moradora do bairro Americana, a aposentada Odete da Silva Batista, 73 anos, estava sem sair de casa por causa da água desde a semana passada. Nesta quinta, ela teve de levar o neto a uma consulta médica. Para atravessar a Rua Itararé, precisou da ajuda do marido, Adair Gomes Batista, 68, que trouxe galochas para ela.
— Para passar (pela água) só com bota e macacão — comenta a mulher.
Odete também relata que perdeu tudo que tinha dentro da geladeira porque, além da água invadir a casa deles, a energia elétrica foi desligada. Para sobreviver com o básico, eles tiveram de alugar um gerador e o prejuízo chega a quase R$ 1 mil.
— O que deu pra aproveitar, aproveitamos. O que não deu, foi fora.
400 clientes sem luz
Conforme a CEEE Equatorial, 400 clientes estão sem luz nesta quinta-feira, a maioria deles no bairro Americana. A concessionária afirma que, nos últimos dois dias, apenas um trecho com 60 unidades consumidoras pôde ser religado.
Conforme o levantamento da Defesa Civil municipal, 1.027 residências foram atingidas, e 192 pessoas tiveram de se abrigar na casa de parentes e amigos. O metalúrgico Romalino Nunes de Oliveira, 57 anos, foi um deles. Ele e a esposa alugaram uma casa.
— É na rua de cima, mas estamos monitorando a outra residência para ninguém roubar.
No total, o número de pessoas afetadas chega a 4 mil. Além do bairro Americana, outros três — Onze de Abril, Sumaré e Nova Americana — têm problemas que vão desde alagamentos até danos em residências. Doze pessoas ainda estão abrigadas no Centro de Referência de Assistência Social Cedro.
A prefeitura de Alvorada afirma que, com a água baixando, estão sendo realizados serviços de limpeza, como a colocação de contêineres para remover entulhos e a arrecadação de materiais para começar a limpeza das residências.