O Parque da Redenção, em Porto Alegre, foi palco para o espetáculo de teatro de rua Zaze-Zaze — Uma Festa Para Vavó, do grupo Usina do Trabalho do Ator (UTA), na tarde deste domingo (13). Dezenas de pessoas acompanharam a encenação, que prestou uma homenagem ao legado do dramaturgo gaúcho Hermes Mancilha. A apresentação faz parte das celebrações de 30 anos de atuação do grupo.
Com figurinos coloridos e muita música, o grupo cumpriu um dos grandes trunfos do teatro de rua que é reunir as pessoas em espaços públicos da cidade. A peça mostra a trajetória de Vavó, uma mulher negra e pobre que está prestes a morrer.
Entre os frequentadores do parque que pararam para acompanhar a atração, Juliano Barros, 40 anos, considerou o espetáculo "muito potente". Ele também destacou a beleza da homenagem:
— Um espetáculo de uma importância afetiva para a cidade de Porto Alegre, para a cultura do teatro gaúcho, do teatro nacional, então um espetáculo muito, muito potente, muito tocante e muito sensível — afirmou.
A presença dos atores na Redenção também foi elogiada pelo público que esteve presente no monumento ao Expedicionário, local onde foi realizada a encenação.
— Sem dúvidas, é uma forma muito eficaz de democratizar a cultura, com uma peça tão forte como essa que traz debates tão fundamentais como a relação de raça que tem dentro do país, como as questões de religiosidade. Trazer questões sobre Oxalá e Exu para o meio da Redenção é muito forte e é muito importante para uma cidade como Porto Alegre — exaltou Luno dos Santos, 23 anos, que foi junto com amigos prestigiar a peça.
Paulo Mancilha, irmão do dramaturgo, acompanhou a homenagem e se emocionou ao ver Hermes ser lembrado e aplaudido na apresentação do grupo.
— Eu sei o quanto ele batalhou para se graduar, o quanto ele gostava da arte, o quanto ele trabalhava com arte. Então, foi muito bom e emocionante ver essa homenagem a um irmão que já partiu. É muito importante a abertura de locais públicos e acesso cultural "ao povão" — disse Mancilha.
Depois dos muitos aplausos, o diretor do espetáculo, Gilberto Icle, ressaltou a energia que recebeu do público durante a apresentação e após o fechar de cortinas imaginário.
— Nos já apresentamos na Restinga e no Sarandi e hoje aqui no centro. O Brique (da Redenção) tem um sentido especial pra gente porque é um espaço tradicional de apresentação de teatro de rua. A gente gosta muito de estar nas comunidades, nos bairros, mas aqui também faz sentido porque muitas pessoas têm o hábito de estar aqui.
Quem perdeu a oportunidade de assistir a apresentação, poderá prestigiar a peça durante a noite ou ao longo da semana. Ainda hoje vai haver uma exibição na Zona Cultural (Avenida Alberto Bins, 900), às 20h. A liberação dos ingressos, que são gratuitos, começa às 19h. No próximo sábado (19), o grupo desembarca na Praça Moderna, no bairro Santa Tereza, às 16h. Já no domingo (20), o espetáculo estará mais uma vez na Zona Cultural.
*Produção: Rochane Carvalho