Por Carla Deboni
Arquiteta e diretora da GAM3 Parks
O conceito de harmonia tem raízes antigas, sendo associado a Pitágoras, o primeiro matemático a enxergar números como essenciais para compreender as relações universais. Na matemática, a congruência, a autenticidade e a exatidão dos números são fundamentais.
Nos séculos 12 e 14, a palavra "harmonia" evoluiu de significar "acordo de sons" para "combinação de tons agradáveis ao ouvido". Na mitologia grega, a deusa Harmonia simboliza a paz, a qual está intrinsecamente ligada à verdade.
Ao opinar sobre negócios, é crucial apresentar números congruentes e precisos. Opiniões que carecem dessas bases são superficiais.
Exemplo disso é o artigo publicado em GZH, em 11/8/23, de Francisco Marshall. Colunista e historiador reconhecido por sua contribuição à vida cultural de Porto Alegre, apresentou em seu texto uma perspectiva prejudicial à cidade sobre a concessão do Parque Harmonia. Alegou uma trama obscura prejudicando o interesse público, indo além ao descrever de maneira infundada que "essa negociata fétida rende à cidade dissabores e um parque cafona".
Em resposta ao absurdo, é crucial que a verdade prevaleça. Ela está em sintonia com números congruentes e precisos, conectando informações corretas sobre o contrato e a origem da concessão.
Esse contrato visa criar um parque temático, promovendo educação, entretenimento, lazer, cultura, tradição e turismo.
O artigo omitiu informações, possivelmente com a intenção de fazer os leitores acreditarem que o contrato concedeu 25,6 hectares no centro da cidade por um valor baixo, favorecendo a contratada.
Vale esclarecer que a empresa privada também assume diversas responsabilidades, incluindo administração, manutenção, segurança e eventos obrigatórios, com um investimento de R$ 286 milhões, integralmente custeados por ela.
Ao assinar o contrato, as únicas certezas eram as obrigações. Não havia garantia de receitas e, ainda, era necessário fornecer um seguro quanto ao cumprimento das obrigações.
Mas não foram apenas as distorções dos números, também faltou com a verdade, comprometendo a integridade do edital, seguindo argumentos, sem qualquer fundamento. O processo de contratação iniciou em jan/19, teve audiência pública, ampla divulgação e, em uma primeira licitação, nenhuma empresa participou. Na segunda tentativa, apenas o consórcio GAM3 Parks participou.
Ao invés de difamar sobre o processo, cabe ponderar sobre as verdadeiras razões pelas quais a licitação deu deserta e, posteriormente, não atraiu muitos proponentes, visto inseguranças jurídicas que podem influenciar essas situações, tal como todo problema ora causado em torno da concessão.
Porto Alegre já enfrentou situações similares, em que o progresso foi impedido por mentiras e desinformação. A tática de distorcer fatos para destruir é recorrente. Recentemente, ocorreu uma situação em que falsas alegações causaram paralisação temporária das obras, mas a verdade prevaleceu mediante decisão do Tribunal de Justiça do RS.
Aqueles que os perpetuam parecem incapazes de viver em paz e harmonia, preferindo disseminar desinformação e desavença.