O frio não espantou as cerca de 35 pessoas que participaram da caminhada Histórias da Zona Sul, na manhã deste sábado (15). Por volta das 10h, com 9ºC nos termômetros de Porto Alegre, o grupo se reuniu no Portal Dona Irena (Rua Dr. Armando Barbedo, bairro Tristeza) para começar a visita turística por diversos pontos da região.
Em frente ao Guaíba, vestindo casacos, toucas e luvas, os presentes, que pagaram R$ 40 pelo passeio, ouviram o guia de turismo Evandro Costa contar curiosidades históricas sobre os bairros Tristeza e Vila Assunção, desde "1800 e lá vai pedrada", para aquecer o início da rota. Ele comentou, por exemplo, que, antigamente, uma viagem até Torres durava cerca de três dias e, por conta disso, muita gente considerava a Zona Sul uma opção "praiana" para curtir o verão.
Do Portal Dona Irena, partiram para a Praça Comendador Souza; depois comeram doces de bergamota na clássica confeitaria Rony Francês; conferiram as embarcações na Ilha do Jangadeiros; espiaram o abandonado Teatro Yolanda Trebbi; adentraram o charmoso Santuário Schoenstatt; deram uma volta pela Praça Araguaia; e terminaram o tour, por volta das 13h, com uma degustação com gosto de serra gaúcha na fábrica de chocolates Magian Cacao.
Vivendo a própria cidade
A maioria dos presentes na caminhada era de porto-alegrenses que gostam de conhecer mais sobre a história da cidade onde moram. É o caso da bancária Roberta Magalhães, 58 anos, e do engenheiro Julio Moreira, 62. O casal, que está junto há 25 anos, gosta de viajar e participar de walking tours mundo afora, mas não abre mão de bater ponto também nas explorações pela Capital.
— Eu arrasto ele — brinca Roberta, enquanto o companheiro concorda, sorrindo.
O objetivo das amigas Angela Hacklaender, 68 anos, e Maria Dolores dos Santos, 66, é o mesmo. A médica e a professora se conhecem desde a época do colégio e, juntas, não perdem um passeio do Viva+POA.
— Foi muito bom começar a participar. Moro aqui, no bairro Petrópolis, e a gente começou a saber mais sobre a história da cidade. Acho linda nossa arquitetura, temos que explorar mais — diz Angela, que recomenda: — Vale muito. Se ficar em casa, vai dar mais frio ainda. Assim, a gente caminha, se diverte, conhece pessoas, conversa. Como dizem meus filhos, até com os postes eu converso, então, com gente é muito melhor, né.
E os pequenos também aproveitam a experiência. A advogada Andressa Costa, 34 anos, participou com a filha Ana Julia, 10. Para ela, é importante que a menina cresça tendo a curiosidade pela cidade estimulada.
A guia de turismo Tamara Dias, que faz dupla com Evandro Costa na condução do projeto Viva+POA, explica que existe, hoje, uma nova concepção de turista, que vai além daquele clássico conceito de "pessoa de fora".
— Durante algum tempo, se falava muito que, para ser considerado um turista, tinha que haver o deslocamento da pessoa de um determinado ponto de origem até o destino, motivado pela busca do atrativo. Mas, de uns tempos para cá, surgiu um novo conceito, um novo perfil, que é o cidadão. A pessoa que vive e passeia, busca conhecer a própria cidade.
Parceria inédita
A caminhada é resultado de uma parceria inédita entre os projetos Viva+POA e A Zona Sul é a Minha Praia. As equipes de ambos pretendem realizar mais eventos como o deste sábado, que foi uma espécie de "piloto" para a ideia de colaboração. O objetivo é contemplar também outros bairros da região.
— Vivemos aqui a nossa infância e adolescência e conseguimos visualizar o que tem de bom. Paralelo a isso, víamos que as coisas aconteciam sempre do Centro para a Zona Norte. Idealizamos esse projeto para valorizar a Zona Sul, que tem suas peculiaridades. Uma horizontalidade, poucos prédios, o próprio contato com o Guaíba. São vivências e experiências que muitas pessoas que moram para lá não têm — defende Denise de Castro, uma das idealizadoras do A Zona Sul é a Minha Praia.
A próxima caminhada Histórias da Zona Sul será realizada no dia 29 de julho, às 9h. As inscrições podem ser feitas pelo link vivamaispoa.com.br.