Moradores de Viamão, na região metropolitana de Porto Alegre, chegaram nesta segunda-feira (19) ao quarto dia sem luz. A CEEE Equatorial, concessionária responsável pelo fornecimento na região, afirma que o problema ainda é causado pelo ciclone que atingiu o Estado no fim da semana passada. Conforme a empresa, servidores estão nas ruas trabalhando para o restabelecimento do serviço.
Um dos moradores do bairro Índio Jari que seguem sem luz, o pedreiro aposentado José Luiz Menezes, 69 anos, aproveitou a luz do dia para podar os galhos de uma árvore caída em frente à residência dele.
— Já perdi carne, já perdi aipim, mortadela, frutas que estavam na geladeira. Apodreceu tudo. Agora compramos gelo pra por numa carne que tava no freezer. Estamos sem eira nem beira — relata.
Menezes também afirma que equipamentos eletrônicos queimaram por causa do temporal. Entre eles a TV e micro-ondas.
Moradora da Rua Guarapari, a mesma em que reside Menezes, a aposentada Vera Regina de Assis Fagundes, 71, conta com a solidariedade de amigos para fazer tarefas básicas.
— Tem que ir na casa dos amigos para tomar banho, carregar celular. Não temos nada, né? Na geladeira, compramos mais gelo. A gente já ganha pouquinho e ainda perder e deixar estragar, já viu — comenta.
O problema se repete em outros pontos da cidade. No bairro Jardim Krahe, a moradora da Rua Augusto Braget, Sandra Michele Tolfo, 39, relata que a filha de sete anos chora porque não quer ficar dentro de casa no escuro.
— Estamos à luz de velas. E eu também não tenho mais nada na geladeira, já estragou tudo. As compras do mês já perdi todas. Tenho que ir comer na casa de familiares — lamenta.
Residente do mesmo terreno de Sandra, Vera Tolfo, 66, diz que em três décadas nunca viu nada parecido.
— É um descaso. Não tenho mais roupa limpa e nesse frio é pior ainda — conta.
Filas na unidade da CEEE
Durante esta segunda-feira, muitas pessoas fizeram fila na frente da agência da CEEE, no centro de Viamão. Pela manhã, um bate-boca chegou a ocorrer no local, com pessoas cobrando a demora para a luz voltar.
Uma senhora de 66 anos, que não quis se identificar, foi até a sede reclamar que está há quatro dias sem luz.
— Vivo um drama. Tenho uma pessoa acamada em casa. Sem luz fica complicado o básico do dia a dia — desabafa.
A gerente do atendimento presencial, feito pela empresa CGB, que presta serviços para o grupo Equatorial, Dyne Andrade, afirmou que há uma força-tarefa para o restabelecimento de energia em alguns pontos da cidade.
— Mapeamos a situação no final de semana e hoje já temos equipes extras e reforços vindos de Porto Alegre trabalhando nas ruas. Alguns pontos em alguns bairros não conseguimos acesso por causa de árvores caídas — relata Dyne.
A gerente diz, ainda, que as equipes estão priorizando situações com risco de morte e hospitais.
— Nosso canal 0800 está aberto também às pessoas — reforça.