A técnica em radiologia Fernanda Vieira, 40 anos, teve uma surpresa nada agradável na manhã do último domingo (19), após uma madrugada intensa de plantão em um dos dois hospitais em que trabalha. Por volta de 6h30min, um vazamento de grandes proporções ocasionado pelo rompimento de uma adutora em frente à casa de Fernanda inundou a residência, que fica na Rua Guilherme Melecchi, no bairro Nonoai, na zona sul de Porto Alegre.
A técnica mora na casa com os dois filhos, Pedro, 22, e Luiza, 16, há cerca de um ano, mas no momento do incidente não tinha ninguém na residência. Quem percebeu o vazamento foi um vizinho, que avisou Fernanda e acionou o Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae) por volta de 6h50min.
O jato de água de grande intensidade partia do subsolo em frente à calçada e alcançava o telado da residência, que tem dois andares. A pressão da água danificou as calhas, invadiu os banheiros pelas janelas, desceu pelo teto provocando bolhas nas paredes e destruindo os móveis de madeira.
— Faz um ano que eu comprei a casa, com muito esforço, então ainda não tinha conseguido comprar muitos móveis. Encheu o terraço e fez uma cascata em todas as peças. Molhou cama, roupeiros, rack, principalmente nos quartos que ficam no segundo andar. A sorte que não tinha ninguém em casa e que a TV fica longe das janelas — comentou Fernanda.
Espera por atendimento
A proprietária diz que, após o primeiro contato com o Dmae, ela ligou novamente, e a telefonista lhe disse que o atendimento ocorreria somente dali a três horas.
— Ela disse que a equipe chegaria às 8h e que não teria o contato deles. Disse que não tinha o que fazer. Eu comecei a me apavorar porque começou a entrar água na caixa de luz — lembrou.
Questionada sobre a ponderação da moradora sobre a demora no atendimento, a assessoria de comunicação do Dmae informou que "as equipes foram para o local no momento em que receberam o protocolo" e que "no final de semana o funcionamento é em regime de plantão". A assessoria acrescentou que não vai "contrapor a moradora porque não é possível precisar o tempo".
Fernanda disse que também entrou em contato com a CEEE Equatorial, devido ao risco de choque, e com o Corpo de Bombeiros, e que ambos os órgãos a orientaram a aguardar a chegada do Dmae. Segundo ela, os técnicos chegaram à sua residência às 8h30min, e o vazamento foi estancado às 9h40min, três horas após o início.
À moradora, os técnicos do Dmae informaram que o rompimento pode ter sido ocasionado pelo desabastecimento que ocorreu durante o sábado e provocou muita pressão quando houve o retorno da água.
Durante o domingo, cerca de 15 pessoas, entre amigos e vizinhos, se reuniram em uma corrente de solidariedade para ajudar a limpar e organizar a casa de Fernanda.
— Deixamos o dia todo a energia elétrica desligada. A vizinhança ajudou e amigos também vieram. O que me deixa triste e revoltada é saber que pagamos impostos e quando precisamos de atendimento temos esse descaso — lamenta.
Em nota, o Dmae afirma que "a equipe técnica atendeu os moradores, registrou todos os danos e está sendo encaminhado o processo indenizatório". O texto diz, também, que "o Dmae lamenta o ocorrido e informa que está prestando assistência à família também por meio da assessoria comunitária".
A nota do Dmae
"O Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae) informa que houve o rompimento de uma tubulação de 150 milímetros de diâmetro na rua Guilherme Melecchi, 76, o que causou o alagamento da residência. A água foi desligada para conserto da tubulação já no final de semana.
A equipe técnica atendeu os moradores, registrou todos os danos e está sendo encaminhado o processo indenizatório. O Dmae lamenta o ocorrido e informa que está prestando assistência à família também por meio da assessoria comunitária e acompanhando a situação para garantir a celeridade no processo de reparação dos danos ocasionados pelo incidente."