Rótulos de cervejas artesanais, galerias de arte em galpões reformados, pinturas e colagens expostas por artistas locais. São exemplos dos quase cem empreendimentos que fazem parte do coletivo chamado de Distrito Criativo, iniciativa que há 10 anos apoia quem vive da venda de suas ideias na Capital e que rendeu ao Quarto Distrito um prêmio nacional.
No último dia 25 o Ministério da Cultura reconheceu o Distrito Criativo com o prêmio anual de Território Criativo, na cerimônia de entrega do Prêmio Brasil Criativo. O concurso elegeu o grupo de pequenos empresários reunido pelo empreendedor social Jorge Piqué em 2013. Ele viu e proporcionou, entre os bairros São Geraldo e Floresta, a formação de um polo onde a criatividade gera valor simbólico e monetário para o local onde ela é comercializada.
— Percebemos, ainda em 2012, que havia uma concentração quase invisível de artistas de alto nível no Floresta. Mas havia certo preconceito com esta região pós-Farrapos e Voluntários. Começamos, então, a reunir esse pessoal para conversas. No ano seguinte se consolidou o projeto para dar visibilidade a esta região conhecida como o Quarto Distrito — relembra o empresário Piqué.
— Distrito Criativo é uma junção de várias iniciativas artísticas, de design e arquitetura, unidas por práticas comerciais baseadas na criatividade e na preservação do patrimônio histórico. Temos como objetivo atrair a atenção e os empreendedores da cidade para transformar a região — resume.
São mais de 90 micro e pequenos empreendedores e empreendedoras que abraçaram uma área originalmente industrial e deixada de lado por décadas. Piqué aponta que há dois efeitos diretos da concentração de negócios criativos no Quarto Distrito: a revitalização estética e física da região e o aquecimento da economia que usa dessa camada simbólica de ideias visuais para valorizar seus produtos.
— Quando uma grande fábrica de uma empresa consagrada chega a uma cidade, por exemplo, se comemora que serão gerados mais de 1 mil empregos, e o governo negocia incentivos para que todos saiam beneficiados. O que temos hoje no Distrito Criativo é um número parecido com este, com pequenos comércios e empreendimentos que se reuniram ali na última década — descreve.
A iniciativa concorreu e venceu o prêmio por indicação da Secretaria Estadual de Cultura (Sedac) do Rio Grande do Sul. De acordo com estudo divulgado em junho de 2022 pela Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão, há mais de 100 mil postos de trabalho formal nos setores da cultura, criatividade, conhecimento e inovação em Porto Alegre. Este mercado gerou, apenas em 2020, R$ 264,10 milhões em Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN) à Capital.
O programa RS Criativo, do governo do Estado, realiza editais para apoiar financeiramente outros projetos semelhantes em nove regiões do Rio Grande do Sul. A ideia é qualificar financeiramente e alavancar estes territórios que tem potencial de ter a estrutura do Distrito Criativo, premiado depois de 10 anos de trajetória.
— (O Distrito Criativo) É pioneiro em organização da economia criativa no RS, é um case nacional e um orgulho para nós. Dá visibilidade para as ideias e importância deste modelo — comenta a diretora do Departamento de Artes e Economia Criativa da Sedac, Ana Fagundes.