Enquanto trabalhadores sobem as escadas com as lanternas dos celulares em mãos e fecham suas lojas, às escuras, à espera da volta da energia, funcionários da CEEE Equatorial e das galerias Malcon e Rosário tentam encontrar o problema que faz os edifícios, no Centro Histórico, estarem sem luz desde as 5h30min de terça-feira (14) — antes, portanto, da chuvarada que causou problemas no abastecimento em toda a cidade.
A CEEE Equatorial afirma que a falta de luz é causada, nos dois casos, por problemas nas subestações dos prédios. As lojas que ficam na rua e não têm ligação com as galerias estão com abastecimento normal.
Rejane Mello, gestora da Galeria Rosário, explica que as equipes da concessionária trabalham na subestação interna do prédio para identificar se a situação nele é a mesma da galeria vizinha:
— As previsões iniciais para retorno da energia eram o meio-dia de ontem, depois foi se alongando pela tarde. Só agora (10h de quarta) eles (CEEE) entraram aqui para buscar identificar o problema — ela diz, estimando que a energia só retorne ao condomínio no turno da tarde.
Na vizinha Malcon, a administração diz já ter avaliado a subestação interna com um engenheiro.
— O técnico deu um parecer informando que o sistema está ok, íntegro, e que o problema é da Equatorial. A CEEE sempre teve acesso e a manutenção desta subestação. É responsabilidade deles — argumentou Júlio César Colling, representante da gestora da Malcon.
Independentemente do que tenha causado o apagão, é certo que restaurantes perderam estoques de comida no subsolo, lojistas ficaram um dia inteiro sem vender, e nenhum deles tem previsão de retorno da energia elétrica, para normalizar a situação.
— Vamos ter que ir em outras lojas. Não poderei fazer pesquisas entre as que encontro sempre o melhor preço e as roupas que gosto aqui na galeria — disse Gabrielli Dias, 17 anos, estudante que saiu do bairro Camaquã, onde também estava sem luz em casa, para visitar a Galeria Malcon.
Ela e a amiga Amanda Leal, 18, se surpreenderam ao encontrar o térreo no escuro. Ambas queriam fazer compras em duas lojas do local.
Suelen Carvalho, 29, e o colega Pedro Bouchachinn, 23, entraram na loja Brands, onde vendem camisetas, tênis e bonés desde o começo de 2022. Chegaram por volta das 9h30min e esperaram meia hora por alguma previsão de normalidade, o que não aconteceu. Dizem que na terça ainda conseguiram vender um chinelo, usando lanterna do celular, mas que provavelmente não vão abrir nesta quarta.
— Já tinha conseguido vender em outros dias com poucas horas de falta de luz, mas tanto tempo assim não tem como — disse Pedro, vendedor da loja no térreo.
A CEEE Equatorial confirma que a quarta-feira começou com casos de falta de luz em 14 bairros de Porto Alegre, mas não informa o número de imóveis afetados, nem dá previsão de retorno.