Em visita à Europa, o prefeito Sebastião Melo anunciou, nesta terça-feira (10), o início dos estudos para licitação de projetos da chamada Operação Urbana Consorciada na Avenida Ipiranga, em Porto Alegre. Como antecipou a colunista Rosane de Oliveira, em GZH, a proposta prevê a transformação do Arroio Dilúvio em uma área aprazível, com margens ajardinadas, ciclovias e espaços de convivência.
Em entrevista ao programa Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha, Melo deu detalhes da iniciativa. Segundo ele, a Operação Urbana Consorciada é uma ferramenta em que se faz um "recorte urbanístico" de determinada região, dando regulamentação específica à área — permitindo, por exemplo, prédios mais altos — e utilizando os recursos da venda do potencial construtivo para realização de obras públicas.
Estudos preliminares da prefeitura da Capital apontam que, em 30 anos, seria possível arrecadar R$ 1,5 bilhão, recurso que seria utilizado para financiar as obras de despoluição do arroio, desassoreamento e o trabalho de contenção e reflorestamento das margens do curso d'água.
Na entrevista, Melo ressaltou que não há dinheiro público disponível para despoluir o Dilúvio e que, por isso, é necessário apoio da iniciativa privada. O prefeito afirmou, também, que se trata de um projeto de longo prazo.
— Uma gestão tem que fazer o dia a dia, mas também tem que plantar as sementes do futuro. Assim como lá em 2010 começou o projeto da Orla 1, em algum momento um prefeito precisa começar a questão do Arroio Ipiranga, que é uma obra para daqui 20 ou 30 anos. Não é um projeto para depois de amanhã — disse Melo, lembrando que só o período de modelagem deve levar cerca de um ano.
— A modelagem consiste em analisar o que se pode fazer em determinada região, com questões de altura (de prédios), sustentabilidade, licenciamento, questões sociais. Tudo isso precisa vir na modelagem. A partir da modelagem que nascem os projetos executivos, e a iniciativa privada começa a operar a partir disso — destacou.
Melo ressaltou que a Operação Consorciada não deve ser confundida com a revisão do Plano Diretor, que será encaminhada à Câmara dos Vereadores. O prefeito afirmou, ainda, que defende "liberar totalmente a altura" para novas construções na cidade.
— Hoje, a regra de Porto Alegre é, em tese, 18 andares, mas projetos especiais permitem tamanhos diferentes (...) Na minha visão, não adianta nada se fazer um prédio feio e baixo em detrimento de um maior. É preciso deixar as coisas acontecerem, é preciso destravar a cidade — declarou.