O nome do projeto a ser apresentado pelo prefeito Sebastião Melo nesta terça-feira (10) em Malmö, na Suécia, e depois em Copenhague, na Dinamarca, é Operação Urbana Consorciada. Por trás desse nome pouco amigável está um projeto ousado de transformação de arroios poluídos em áreas aprazíveis, com margens ajardinadas, ciclovias e espaços de convivência.
Se você pensou no conhecido “Dilúvio”, protagonista de todas as campanhas eleitorais com promessas de revitalização, acertou: são desse riacho que divide os dois lados da Avenida Ipiranga as imagens digitais usadas para “vender” o projeto no congresso mundial do Iclei, organização sem fins lucrativos que dá suporte a governos locais em questões ligadas à sustentabilidade, na Suécia, e a autoridades da Dinamarca.
Melo viajou domingo (8) para a Escandinávia levando na mala um pen drive de segurança com o detalhamento do projeto, mas todas as informações estão armazenadas na nuvem, para serem compartilhadas com potenciais investidores. Mas, afinal, em que consiste a tal “operação urbana consorciada”? O secretário do Meio Ambiente, Germano Bremm, explica que se trata de uma nova forma de financiar investimentos públicos, usando uma moeda muito conhecida das construtoras, o chamado “solo criado”.
Trocando em miúdos, é o valor que as empresas pagam à prefeitura quando pedem licença para construir determinado empreendimento. O pulo do gato no caso da Avenida Ipiranga, mas que valerá também para outras que margeiam arroios poluídos, é autorizar a construção de prédios mais altos e colocar o dinheiro da venda dos índices construtivos em um fundo que financiará os projetos de despoluição e urbanização.
Tomando-se o exemplo da Ipiranga, a ideia da prefeitura é começar o projeto da orla em direção ao bairro. Nas duas primeiras quadras já não há terrenos baldios, mas da Borges em diante são múltiplas as possibilidades identificadas por Bremm e pelos técnicos da prefeitura. Um deles é o terreno da antiga Smov, que a prefeitura vai levar a leilão. Ao longo da Ipiranga, uma região central da cidade, foram identificados dezenas de terrenos que podem receber prédios mais altos do que o gabarito atual, mediante pagamento de valor maior para financiar o ambicioso projeto de transformação do Dilúvio.
Na Dinamarca, Melo e o secretário Bremm vão conhecer projetos de despoluição de rios que viraram referência mundial.
— Copenhague e Malmö tinham arroios poluídos que foram transformados em piscinas públicas.
Antes que alguém se imagine nadando no Dilúvio ou passeando de gôndolas, como sonhava o ex-prefeito Guilherme Socias Villela, é importante lembrar que a despoluição é um projeto de longo prazo (três décadas), com custo estimado de R$ 2 bilhões.