O braço gaúcho do Movimento Brasil Livre (MBL RS) realizou na tarde deste sábado (5) um ato pelo fim da invasão da Ucrânia pela Rússia e pela manutenção da independência do país. A manifestação estava prevista para ser realizada em frente ao Consulado Honorário Russo de Porto Alegre, porém o escritório está desativado na Capital gaúcha há anos - embora o Google Maps indique que ali ainda exista a representação.
Apesar de não haver mais consulado por ali, os manifestantes decidiram seguir com o ato simbólico na frente do prédio, localizado na Avenida Erico Verissimo. Sob sol forte e temperatura marcando 35°C, 14 pessoas marcavam presença no protesto até às 15h10min. Os manifestantes trouxeram bandeiras da Ucrânia, megafones, flores e cartazes com dizeres pedindo o fim do conflito ou chamando o presidente da Rússia, Vladimir Putin, de “genocida” e “assassino”.
O ato ganhou endosso de alguns motoristas, que buzinavam em apoio. Houve um homem de meia-idade, carregando uma sacola de compras, que parou pelo local para dar os “parabéns pelo que estão fazendo" e tirou fotos.
Para o MBL RS, a demanda central da manifestação é o cessar-fogo imediato e a retirada das tropas russas da Ucrânia. Segundo um dos coordenadores estaduais do movimento, Frederico Pessoa da Silva, o ato é um gesto simbólico:
— Como movimento, porto-alegrenses e, acima de tudo, brasileiros, apoiamos o povo ucraniano e nos solidarizamos frente a dor e sofrimento. Também queremos demonstrar, publicamente, nosso absoluto repúdio à guerra iniciada pelo ataque injustificado da Rússia ao território ucraniano, que já tem levado a inúmeras mortes.
Esdras de Lima Alves, outro coordenador estadual do movimento, atesta que a manifestação também tratava-se de um ato em repúdio ao governo russo:
— A Rússia é um país autoritário, Putin é um ditador. Ele está invadindo um país democrático, que elegeu um presidente democraticamente.
Alves ainda acrescentou que o MBL RS presta solidariedade aos cidadãos russos que estão indo protestar contra o Putin, correndo o risco de prisão.
Silva também destaca a oposição à postura do Governo Federal diante da situação na Ucrânia. O presidente Jair Bolsonaro declarou no dia 27 de fevereiro que o Brasil ficará neutro em relação à guerra.
— A neutralidade, nesse momento, ou mesmo imparcialidade, ante a invasão ilegítima e ilegal de um país soberano não se adequa aos valores políticos presentes em nossa Constituição e na tradição da ação diplomática brasileira, em especial no que diz respeito ao princípio da autodeterminação dos povos, ainda mais considerando o autoritarismo flagrante do atual regime político russo e o nítido caráter democrático do regime ucraniano — diz Silva.
Por fim, Silva ainda frisou que, enquanto a guerra perdurar, o movimento tem a certeza que o Brasil e seu povo, em especial a cidade de Porto Alegre, receberá de braços abertos os refugiados ucranianos.
Declarações polêmicas de Arthur do Val
Questionado sobre a posição do MBL RS em relação aos áudios vazados de Arthur do Val, Esdras respondeu que o movimento gaúcho endossa o posicionamento nacional. Em nota divulgada nesta tarde, o MBL repudiou o teor dos áudios, mas argumentou que não invalida o objetivo da viagem, que teria arrecadado mais de R$ 250 mil aos refugiados ucranianos.